domingo, 8 de dezembro de 2013

Carta

Carta do Augusto de hoje para o Augusto de 1988, então com 20 anos Jovem mocinho, você deverá despir-se do excesso de racionalidade para encarar estes estranhos anos que estão por vir. Nada é normal, nada é previsivel. A disciplina que você se culpa por não ter, ninguem tem. As pessoas estão fazendo coisas que você nem desconfia, e as que vejo agora, fazem as mesmas. Mas agora é tudo escancarado. Não sei se foi por ter apanhado muito, coisa que te falta, mas hoje percebo rápido o que se esconde atrás de um sorriso duvidoso, e a resposta nunca é bonita. Suas estruturas virão abaixo em 3 anos. Logo após você entender e enterrar sua adolescencia, tudo que sabia sobre si mesmo cairá por terra em menos de cinco minutos, por causa de um telefonema que você fará. Nada do que entende hoje é verdadeiro. O amor que esconde das pessoas não deve ser escondido e sim enterrado. Você se apaixonou pela pessoa errada. Vamos ao que você não imagina. Você em cerca de 15 anos será capaz de se corresponder com pessoas do mundo todo gastando o valor de 3 lanches. Os computadores caberão no bolso e nao farão apenas análises lógicas de processos como você vê. Serão capazes de fazer quase todo tipo de arte que se pode fazer em um papel. Serão também telefones, filmadoras e aparelhos de som. Hoje em dia você encontra quase tudo pronto, inclusive misturas e bolos estranhos. Em sua maioria, de qualidade duvidosa. As pessoas estarão mais carentes e distantes, isso lhe dará algum proveito em cerca de 20 anos. Se você pudesse me ouvir agora, eu ia te pedir para nao deixar que nada abale o seu casamento agora. Você jamais terá tantos elogios a uma pessoa como a esta depois que estiver maduro. Caro jovem, as pessoas aqui nao se casam de verdade, apenas passam uma chuva. E sou apenas mais um. Por isso, voce deveria aprender logo a rejeitar pressoes. Mas nao vai dar tempo... Tenho sorte de ainda existir e escrever isto, e você enlouquecerá com a resposta do por que. Grande abraço do seu futuro...

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