domingo, 26 de setembro de 2010
Comentários soltos - cada um sobre uma ocasião
ATENÇÃO: Se você achar que está relacionado a um acontecimento abaixo, pergunte-me.
"Então como se descobre se alguem nao é sincero? simples. A pessoa te trata bem, mas te evita nas atividades em comum, manda sms pra saber pra onde vc vai e vai para outro local. Isso quando não ocorre um outro fato que é a pessoa brincar com vc e quando vc brinca com ela, aquela fica estúpida."
"E eu queria muito ser incapaz de ficar triste quando minha falta de jeito com algumas coisas me pega fazendo com que a sensação de solidão aumente."
"E tem uns pontos a considerar: decepcionar quem realmente gosta da gente, acho imperdoável."
"Três anos lutando pra ficar tudo bem.... e ver gestos de desconfiança de quem me ajudou a planejar para que tudo andasse pelo caminho certo me deixa furioso até hoje... e faço o possível para não demonstrar. É fácil no msn, mas quero ver como vou reagir ao vivo."
"Ás vezes tenho pena de pessoas que se sustentam na beleza, pois esta se vai com a idade. Embora seja odioso ser maltratado por estar um pouco velho às vezes."
"Com simplicidade, comentei o que realmente ocorria. Mas fiquei pensando, se eu for namorar todo mundo que vem aqui, vai ter muita gente fazendo vodoo com a minha cara. E afinal, que culpa eu tenho se só tenho amiga bonita. Inclusive se alguma fosse feia não seria mau, eu poderia usa-la pra me defender, partindo de que mulheres feias são chamadas de canhões....huaahahahahahah"
"E por vezes faço uso de anacronismos ao colocar estes trechos de histórias, de modo que só quem vivenciou reconheça"
"E ela então disse: 'Eu já tenho meu tiozinho', enquanto espalhava tudo o que acontecia conosco... falta de pudor, além de outra coisa: não estou no mundo para ser troféu de ninguém. Sem contar que isto estava machucando alguém de quem eu gostava muito. E a partir daí o melhor caminho era esquecer."
"E passar por alguns lugares é ruim, me faz sentir pressa de terminar logo a travessia antes que eu comece a me lembrar o que aconteceu ali"
"E apesar de eu ter sentido um frio na espinha naquele reencontro, fui levado a constatar que o relacionamento com aquela pessoa ja nao fazia sentido muito antes da briga que ocorreu no inicio deste ano"
"E justo agora que decidi me calar sobre o assunto a encheção de saco recomeça? Cuidado!!!! A Anatel pode descobrir isto"
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Auto-apendicectomia (pelo amor de Deus não tentem!!!)
Leonid Ivanovich Rogozov, exemplo de determinação e auto-controle
O navio Ob, com seus 6 membros, partia de Leningrado em direção à Antartica em 5 de novembro de 1960. A missão era construir uma nova base polar de pesquisas e passar pelo terrível inverno antártico. Após 9 semanas, a base Novolazarevskaya estava pronta e a tempo para a chegada do inverno. O mar congelara a sua volta e o navio já havia partido e não voltaria tão cedo. Contato com o mundo externo não era mais possível. Através do longo inverno os 12 habitantes de Novolazarevskaya dependeriam somente de si. Um dos membros da expedição era o jovem cirurgião de 27 anos Leonid Ivanovich Rogozov.
29 de Abril de 1961
Após várias semanas se sentido mal, Rogozov logo percebeu em si sinais de fraqueza, mal-estar, náusea e, posteriormente, dor em região superior de seu abdome que mudou, depois, para o quadrante inferior direito. Sua temperatura subiu para 37,5 ºC. Rogozov escreveu em seu diário: "Aparentemente estou com apendicite. Estou disfarçando, até sorrio. Porque preocupar meus amigos? Quem poderia ajudar?" Como cirurgião, Rogozov não teve dificuldades para diagnosticar apendicite aguda. Porém, por ironia do destino, ele sabia que só sobreviveria se fosse submetido a operação. Era o único médico no local, e contato com o mundo externo estava fora de questão uma vez que o inverno já se instalara sobre a base.
30 de Abril de 1961
Todos os tratamentos paliativos foram usados (antibióticos, resfriamento da área), mas seu estado continua piorando: sua temperatura subiu, e os vômitos ficaram mais freqüentes. "Eu não consegui dormir ontem a noite. Dói demais. Continua sem sinais de perfuração iminente, mas um sentimento opressivo de que algo ruim está por vir paira sobre mim... É isso...Eu tenho que pensar na unica possibilidade de sair dessa: operar em mim...é praticamente impossível...mas eu não posso simplesmente cruzar os braços e desistir." "18:30. Eu nunca me senti tão mal em minha vida. O prédio está tremendo como um pequeno brinquedo na tempestade. O pessoal já descobriu. Eles continuam tentando me acalmar. Estou chateado comigo - estraguei o feriado de todos. Agora estão todos correndo por aí, preparando a autoclave. Temos de esterilizar a cama, pois vamos operar." "20:30. Estou piorando. Falei para o pessoal. Agora temos de começar a tirar tudo que não precisamos da sala."
Preparação para a operação
Seguindo as instruções de Rogozov, os membros da equipe improvisaram uma sala de cirurgia. Retiraram tudo da sala de Rogozov deixando apenas sua cama, duas mesas e uma luminária. Os aerologistas Fedor Kabot e Robert Pyzhov inundaram a sala com luz ultravioleta e esterilizaram a cama e os instrumentos. Além de Rogozov, o metereologista Alexandr Artemev, o mecanico Zinovy Teplinsky, e diretor da estação, Vladislav Gerbovich, foram submetidos à lavação anti-séptica. Rogozov explicou como a operação iria proceder e lhes designou tarefas: Artemev deveria lhe passar os instrumentos; Teplinsky seguraria o espelho e ajustaria a luz; Gerbovich estaria na reserva caso alguém passasse mal. No caso de Rogozov perder a consciência, ele instruiu sua equipe de como injetar-lhe drogas com uma seringa que havia preparado e de como realizar ventilação artificial. Então ele lavou as mãos de Artemev e Teplinsky e colocou-lhes luvas cirurgicas. Quando tudo estava preparado, Rogozov se lavou e posicionou-se. Ele escolheu uma posição semi-inclinada, limpou a área a ser aberta e, antecipando a necessidade que teria do senso tátil para se guiar, decidiu trabalhar sem luvas.
A OPERAÇÃO
Começou as 2:00 local. Rogozov infiltrou as camadas da parede abdominal com 20ml de 0.5% de procaína, usando diversas injeções. Após 15 minutos ele fez uma incisão de 10-12 cm. A visibilidade na profundeza da cavidade não era ideal, em alguns momentos ele teve de elevar a cabeça para obter uma vista melhor, ou usar o espelho, nas a maior parte do trabalho foi feito somente por toque. Depois de 30-40 minutos, Rogozov começou a fazer pequenas pausas devido a fraqueza geral e sensação de vertigem. Finalmente ele removeu o apêndice severamente afetado. Ele aplicou antibióticos na cavidade abdominal e fechou a incisão. A operação levou cerca de 1 hora e 45 minutos. Em certo momento, Gerbovich chamou Yuri Vereshchagin para fotografar o evento. Gerbovich escreveu em seu diário aquela noite. "Quando Rogozov fez a incisão e estava manipulando seus órgãos internos, assim que removeu o apêndice seu intestino roncou. Isso foi absolutamente nada agradável para nós, fez com que quisesse desviar o olhar mas mantive minha cabeça e olhar firmes. Rogozov manteve-se calmo e focado no trabalho, porém suava muito em sua testa e freqüentemente pedia à Teplinsky para seca-la."
Após a operação
Terminado, Rogozov mostrou a seus assistentes como lavar e guardar os instrumentos e outros materiais. Então tomou pílulas para dormir e descansou. No outro dia sua temperatura era de 38,1 ºC, ele descreveu sua condição como "moderadamente ruim", mas no geral se sentia melhor. Ele continuou a tomar antibióticos. Depois de quatro dias suas funções digestivas voltaram ao normal e os sinais de peritonite local desapareceram. Cinco dias depois sua temperatura era normal e ele removeu as suturas. Dentro de duas semanas já podia realizar suas tarefas normalmente e voltou a escrever em seu diário."
8 de Maio de 1961
"Não me permiti em momento algum a pensar em outro coisa se não minha tarefa a realizar. Cerrei os dentes e fui frio. No caso de perder a consciência eu dei uma seringa a Sasha Artemev e mostrei-lhe como me dar uma injeção. Expliquei a Zinovy Teplinsky como segurar o espelho. Meus pobres assistentes! No ultimo minuto olhei para eles: eles lá em seus aventais cirúrgicos brancos, mais brancos que eles mesmos. Eu também estava com medo. Mas quando peguei a agulha com novocaina e me dei a primeira injeção, de alguma forma eu entrei em modo automático, e desse ponto em diante não percebi nada mais." "Trabalhei sem luvas. Era difícil de enxergar. O espelho ajudou, mas também atrapalhou - afinal, mostrava tudo ao contrário. Trabalhei mais pelo toque. O sangramento foi bastante grande, mas eu mantive a calma. Ao abrir o peritônio, eu atingi o ceco e tive de suturá-lo. De repente passou pela minha cabeça: há mais lesões por aqui e eu não percebi...Fui ficando cada vez mais fraco, minha cabeça começou a rodar. A cada 4-5 minutos eu descansava por 20-25 segundos. Finalmente, aqui está o apêndice maldito. Com horror eu percebi a mancha negra em sua base. Significava que apenas um dia a mais ele teria se rompido e ..." "No pior momento da remoção do apêndice meu coração disparou e eu parei e pensei: minhas mãos parecem borracha. Bom, eu pensei, isso não vai terminar bem. E tudo que me restou foi remover o apêndice..."
"E então eu percebi que, praticamente, eu já estava a salvo."
Deixando a Antártica
Mais de um ano depois a equipe deixou Novolazarevskaya e em 29 de Maio de 1962 seu navio atracava no porto de Leningrado. No dia seguinte Rogozov retornava a seu trabalho na clínica. Ele trabalhou e lecionou no Departamento de Cirurgia Geral do Primeiro Instituto Médico de Leningrado. Ele nunca mais voltou a Antartica e morreu em São Petesburgo, anterior Leningrado, em 21 de setembro de 2000.
O limite da capacidade humana
A auto-operação de Rogozov foi provavelmente o primeiro ato ocorrido fora de uma estrutura hospitalar em um lugar deserto sem nenhuma possibilidade de ajuda externa, e sem a presença de qualquer outro profissional médico a sua volta. Permanece como um exemplo de determinação e da força de vontade para viver do ser humano. Em seus últimos anos Rogozov rejeitou todas as glórias de seu feito. Quando perguntado sobre o ocorrido ele simplesmente respondia com um sorriso no rosto: "Um trabalho como outro qualquer, uma vida como outra qualquer"
Artigo publicado no British Medical Journal: "Auto-appendectomy in the Antarctic: case report" -Vladislav Rogozov, Neil Bermel.
www.bmj.com/cgi/content/full/339/dec15_1/b4965
PS: Vladislav Rogozov é filho de Leonid Rogozov
O navio Ob, com seus 6 membros, partia de Leningrado em direção à Antartica em 5 de novembro de 1960. A missão era construir uma nova base polar de pesquisas e passar pelo terrível inverno antártico. Após 9 semanas, a base Novolazarevskaya estava pronta e a tempo para a chegada do inverno. O mar congelara a sua volta e o navio já havia partido e não voltaria tão cedo. Contato com o mundo externo não era mais possível. Através do longo inverno os 12 habitantes de Novolazarevskaya dependeriam somente de si. Um dos membros da expedição era o jovem cirurgião de 27 anos Leonid Ivanovich Rogozov.
29 de Abril de 1961
Após várias semanas se sentido mal, Rogozov logo percebeu em si sinais de fraqueza, mal-estar, náusea e, posteriormente, dor em região superior de seu abdome que mudou, depois, para o quadrante inferior direito. Sua temperatura subiu para 37,5 ºC. Rogozov escreveu em seu diário: "Aparentemente estou com apendicite. Estou disfarçando, até sorrio. Porque preocupar meus amigos? Quem poderia ajudar?" Como cirurgião, Rogozov não teve dificuldades para diagnosticar apendicite aguda. Porém, por ironia do destino, ele sabia que só sobreviveria se fosse submetido a operação. Era o único médico no local, e contato com o mundo externo estava fora de questão uma vez que o inverno já se instalara sobre a base.
30 de Abril de 1961
Todos os tratamentos paliativos foram usados (antibióticos, resfriamento da área), mas seu estado continua piorando: sua temperatura subiu, e os vômitos ficaram mais freqüentes. "Eu não consegui dormir ontem a noite. Dói demais. Continua sem sinais de perfuração iminente, mas um sentimento opressivo de que algo ruim está por vir paira sobre mim... É isso...Eu tenho que pensar na unica possibilidade de sair dessa: operar em mim...é praticamente impossível...mas eu não posso simplesmente cruzar os braços e desistir." "18:30. Eu nunca me senti tão mal em minha vida. O prédio está tremendo como um pequeno brinquedo na tempestade. O pessoal já descobriu. Eles continuam tentando me acalmar. Estou chateado comigo - estraguei o feriado de todos. Agora estão todos correndo por aí, preparando a autoclave. Temos de esterilizar a cama, pois vamos operar." "20:30. Estou piorando. Falei para o pessoal. Agora temos de começar a tirar tudo que não precisamos da sala."
Preparação para a operação
Seguindo as instruções de Rogozov, os membros da equipe improvisaram uma sala de cirurgia. Retiraram tudo da sala de Rogozov deixando apenas sua cama, duas mesas e uma luminária. Os aerologistas Fedor Kabot e Robert Pyzhov inundaram a sala com luz ultravioleta e esterilizaram a cama e os instrumentos. Além de Rogozov, o metereologista Alexandr Artemev, o mecanico Zinovy Teplinsky, e diretor da estação, Vladislav Gerbovich, foram submetidos à lavação anti-séptica. Rogozov explicou como a operação iria proceder e lhes designou tarefas: Artemev deveria lhe passar os instrumentos; Teplinsky seguraria o espelho e ajustaria a luz; Gerbovich estaria na reserva caso alguém passasse mal. No caso de Rogozov perder a consciência, ele instruiu sua equipe de como injetar-lhe drogas com uma seringa que havia preparado e de como realizar ventilação artificial. Então ele lavou as mãos de Artemev e Teplinsky e colocou-lhes luvas cirurgicas. Quando tudo estava preparado, Rogozov se lavou e posicionou-se. Ele escolheu uma posição semi-inclinada, limpou a área a ser aberta e, antecipando a necessidade que teria do senso tátil para se guiar, decidiu trabalhar sem luvas.
A OPERAÇÃO
Começou as 2:00 local. Rogozov infiltrou as camadas da parede abdominal com 20ml de 0.5% de procaína, usando diversas injeções. Após 15 minutos ele fez uma incisão de 10-12 cm. A visibilidade na profundeza da cavidade não era ideal, em alguns momentos ele teve de elevar a cabeça para obter uma vista melhor, ou usar o espelho, nas a maior parte do trabalho foi feito somente por toque. Depois de 30-40 minutos, Rogozov começou a fazer pequenas pausas devido a fraqueza geral e sensação de vertigem. Finalmente ele removeu o apêndice severamente afetado. Ele aplicou antibióticos na cavidade abdominal e fechou a incisão. A operação levou cerca de 1 hora e 45 minutos. Em certo momento, Gerbovich chamou Yuri Vereshchagin para fotografar o evento. Gerbovich escreveu em seu diário aquela noite. "Quando Rogozov fez a incisão e estava manipulando seus órgãos internos, assim que removeu o apêndice seu intestino roncou. Isso foi absolutamente nada agradável para nós, fez com que quisesse desviar o olhar mas mantive minha cabeça e olhar firmes. Rogozov manteve-se calmo e focado no trabalho, porém suava muito em sua testa e freqüentemente pedia à Teplinsky para seca-la."
Após a operação
Terminado, Rogozov mostrou a seus assistentes como lavar e guardar os instrumentos e outros materiais. Então tomou pílulas para dormir e descansou. No outro dia sua temperatura era de 38,1 ºC, ele descreveu sua condição como "moderadamente ruim", mas no geral se sentia melhor. Ele continuou a tomar antibióticos. Depois de quatro dias suas funções digestivas voltaram ao normal e os sinais de peritonite local desapareceram. Cinco dias depois sua temperatura era normal e ele removeu as suturas. Dentro de duas semanas já podia realizar suas tarefas normalmente e voltou a escrever em seu diário."
8 de Maio de 1961
"Não me permiti em momento algum a pensar em outro coisa se não minha tarefa a realizar. Cerrei os dentes e fui frio. No caso de perder a consciência eu dei uma seringa a Sasha Artemev e mostrei-lhe como me dar uma injeção. Expliquei a Zinovy Teplinsky como segurar o espelho. Meus pobres assistentes! No ultimo minuto olhei para eles: eles lá em seus aventais cirúrgicos brancos, mais brancos que eles mesmos. Eu também estava com medo. Mas quando peguei a agulha com novocaina e me dei a primeira injeção, de alguma forma eu entrei em modo automático, e desse ponto em diante não percebi nada mais." "Trabalhei sem luvas. Era difícil de enxergar. O espelho ajudou, mas também atrapalhou - afinal, mostrava tudo ao contrário. Trabalhei mais pelo toque. O sangramento foi bastante grande, mas eu mantive a calma. Ao abrir o peritônio, eu atingi o ceco e tive de suturá-lo. De repente passou pela minha cabeça: há mais lesões por aqui e eu não percebi...Fui ficando cada vez mais fraco, minha cabeça começou a rodar. A cada 4-5 minutos eu descansava por 20-25 segundos. Finalmente, aqui está o apêndice maldito. Com horror eu percebi a mancha negra em sua base. Significava que apenas um dia a mais ele teria se rompido e ..." "No pior momento da remoção do apêndice meu coração disparou e eu parei e pensei: minhas mãos parecem borracha. Bom, eu pensei, isso não vai terminar bem. E tudo que me restou foi remover o apêndice..."
"E então eu percebi que, praticamente, eu já estava a salvo."
Deixando a Antártica
Mais de um ano depois a equipe deixou Novolazarevskaya e em 29 de Maio de 1962 seu navio atracava no porto de Leningrado. No dia seguinte Rogozov retornava a seu trabalho na clínica. Ele trabalhou e lecionou no Departamento de Cirurgia Geral do Primeiro Instituto Médico de Leningrado. Ele nunca mais voltou a Antartica e morreu em São Petesburgo, anterior Leningrado, em 21 de setembro de 2000.
O limite da capacidade humana
A auto-operação de Rogozov foi provavelmente o primeiro ato ocorrido fora de uma estrutura hospitalar em um lugar deserto sem nenhuma possibilidade de ajuda externa, e sem a presença de qualquer outro profissional médico a sua volta. Permanece como um exemplo de determinação e da força de vontade para viver do ser humano. Em seus últimos anos Rogozov rejeitou todas as glórias de seu feito. Quando perguntado sobre o ocorrido ele simplesmente respondia com um sorriso no rosto: "Um trabalho como outro qualquer, uma vida como outra qualquer"
Artigo publicado no British Medical Journal: "Auto-appendectomy in the Antarctic: case report" -Vladislav Rogozov, Neil Bermel.
www.bmj.com/cgi/content/full/339/dec15_1/b4965
PS: Vladislav Rogozov é filho de Leonid Rogozov
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Corre-corre
No corre-corre cotidiano, ás vezes nos esquecemos dos elementos mais importantes da vida. A desculpa é uma só – falta de tempo. Assim tudo é feito atropeladamente – e mal. Benjamim Franklin se expressou assim: “Amas a vida? Então, não desperdices o tempo, porque dele é feito a vida.”
Certas coisas em nossa vida são tão essenciais, que temos de organizar nosso tempo em função delas. Gostei do que li, de um autor desconhecido, sobre o tempo:
Dedique tempo para trabalhar: é o preço do triunfo.
Dedique tempo para pensar: é a fonte do saber.
Dedique tempo para recrear-se: é o segredo da juventude.
Dedique tempo para ler: é a base do conhecimento.
Dedique tempo para rir: é a essência do contentamento.
Dedique tempo para adorar: é o caminho da reverência.
Dedique tempo com o amigos: é o caminho da felicidade.
Dedique tempo para amar e ser amado: é o produtor da endorfina (substância do alívio e do bem estar).
Dedique tempo para sonhar: eleva a alma às estrelas.
Dedique tempo para planejar: é o segredo para encontrar tempo para as 9 coisas anteriores.
Não é fácil organizar o tempo, é melhor começar orando como Moisés: “Ensina-nos a usar bem os dias da nossa vida para que nos tornemos sábios.” (Bíblia, livro de Salmos, capítulo 90 verso 12).
Texto Bíblico Utilizado: Salmos 90:12
Certas coisas em nossa vida são tão essenciais, que temos de organizar nosso tempo em função delas. Gostei do que li, de um autor desconhecido, sobre o tempo:
Dedique tempo para trabalhar: é o preço do triunfo.
Dedique tempo para pensar: é a fonte do saber.
Dedique tempo para recrear-se: é o segredo da juventude.
Dedique tempo para ler: é a base do conhecimento.
Dedique tempo para rir: é a essência do contentamento.
Dedique tempo para adorar: é o caminho da reverência.
Dedique tempo com o amigos: é o caminho da felicidade.
Dedique tempo para amar e ser amado: é o produtor da endorfina (substância do alívio e do bem estar).
Dedique tempo para sonhar: eleva a alma às estrelas.
Dedique tempo para planejar: é o segredo para encontrar tempo para as 9 coisas anteriores.
Não é fácil organizar o tempo, é melhor começar orando como Moisés: “Ensina-nos a usar bem os dias da nossa vida para que nos tornemos sábios.” (Bíblia, livro de Salmos, capítulo 90 verso 12).
Texto Bíblico Utilizado: Salmos 90:12
Encontro com Deus =D
Estava Bin Laden falando com Alá, e Lhe pergunta: “Como estará o Afeganistão dentro de 10 anos?”
Alá responde: “Estará todo destruído pelas bombas enviadas pelos Estados Unidos.”
Laden se sentou… e chorou.
Estava Barak Obama falando com Deus e lhe pergunta: “Como estará a América dentro de 10 anos?”
Deus lhe responde: “Estará totalmente contaminada pelas bombas químicas despejadas pelo Irã.”
Obama se sentou… e chorou.
Estava Dilma Roussef falando com Deus, e lhe pergunta:
“Deus, como estará o Brasil dentro de 10 anos se eu for eleita Presidente?”
Deus se sentou… e chorou.
Alá responde: “Estará todo destruído pelas bombas enviadas pelos Estados Unidos.”
Laden se sentou… e chorou.
Estava Barak Obama falando com Deus e lhe pergunta: “Como estará a América dentro de 10 anos?”
Deus lhe responde: “Estará totalmente contaminada pelas bombas químicas despejadas pelo Irã.”
Obama se sentou… e chorou.
Estava Dilma Roussef falando com Deus, e lhe pergunta:
“Deus, como estará o Brasil dentro de 10 anos se eu for eleita Presidente?”
Deus se sentou… e chorou.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Carta para o Chico Buarque
José Danon
Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.
Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.
Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.
Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante,desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.
Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.
Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.
Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel,juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.
Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito.Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.
Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.
Seu admirador número 1,
Zé Danon
José Danon é economista e
consultor de empresas
Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.
Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.
Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.
Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante,desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.
Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.
Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.
Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel,juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.
Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito.Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.
Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.
Seu admirador número 1,
Zé Danon
José Danon é economista e
consultor de empresas
terça-feira, 14 de setembro de 2010
"Vamos errar de novo?" - Ferreira Gullar, FSP
FAZ MUITOS ANOS já que não pertenço a nenhum partido político, muito embora me preocupe todo o tempo com os problemas do país e, na medida do possível, procure contribuir para o entendimento do que ocorre.
Em função disso, formulo opiniões sobre os políticos e os partidos, buscando sempre examinar os fatos com objetividade.
Minha história com o PT é indicativa desse esforço por ver as coisas objetivamente.
Na época em que se discutia o nascimento desse novo partido, alguns companheiros do Partido Comunista opunham-se drasticamente à sua criação, enquanto eu argumentava a favor, por considerar positivo um novo partido de trabalhadores.
Alegava eu que, se nós, comunas, não havíamos conseguido ganhar a adesão da classe operária, devíamos apoiar o novo partido que pretendia fazê-lo e, quem sabe, o conseguiria.
Lembro-me do entusiasmo de Mário Pedrosa por Lula, em quem via o renascer da luta proletária, paixão de sua juventude.
Durante a campanha pela Frente Ampla, numa reunião no Teatro Casa Grande, pela primeira vez pude ver e ouvir Lula discursar.
Não gostei muito do tom raivoso do seu discurso e, especialmente, por ter acusado "essa gente de Ipanema" de dar força à ditadura militar, quando os organizadores daquela manifestação -como grande parte da intelectualidade que lutava contra o regime militar- ou moravam em Ipanema ou frequentavam sua praia e seus bares.
Pouco depois, o torneiro mecânico do ABC passou a namorar uma jovem senhora da alta burguesia carioca.
Não foi isso, porém, que me fez mudar de opinião sobre o PT, mas o que veio depois: negar-se a assinar a Constituição de 1988, opor-se ferozmente a todos os governos que se seguiram ao fim da ditadura -o de Sarney, o de Collor, o de Itamar, o de FHC.
Os poucos petistas que votaram pela eleição de Tancredo foram punidos. Erundina, por ter aceito o convite de Itamar para integrar seu ministério, foi expulsa.
Durante o governo FHC, a coisa se tornou ainda pior: Lula denunciou o Plano Real como uma mera jogada eleitoreira e orientou seu partido para votar contra todas as propostas que introduziam importantes mudanças na vida do país.
Os petistas votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e, ao perderem no Congresso, entraram com uma ação no Supremo a fim de anulá-la. As privatizações foram satanizadas, inclusive a da Telefônica, graças à qual hoje todo cidadão brasileiro possui telefone.
E tudo isso em nome de um esquerdismo vazio e ultrapassado, já que programa de governo o PT nunca teve.
Ao chegar à presidência da República, Lula adotou os programas contra os quais batalhara anos a fio.
Não obstante, para espanto meu e de muita gente, conquistou enorme popularidade e, agora, ameaça eleger para governar o país uma senhora, até bem pouco desconhecida de todos, que nada realizou ao longo de sua obscura carreira política.
No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por capacidade realizadora comprovada.
Enquanto ele apresenta ao eleitor uma ampla lista de realizações indiscutivelmente importantes, no plano da educação, da saúde, da ampliação dos direitos do trabalhador e da cidadania, Dilma nada tem a mostrar, uma vez que sua candidatura é tão simplesmente uma invenção do presidente Lula, que a tirou da cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a plateia.
A possibilidade da eleição dela é bastante preocupante, porque seria a vitória da demagogia e da farsa sobre a competência e a dedicação à coisa pública.
Foi Serra quem introduziu no Brasil o medicamento genérico; tornou amplo e efetivo o tratamento das pessoas contaminadas pelo vírus da Aids, o que lhe valeu o reconhecimento internacional.
Suas realizações, como prefeito e governador, são provas de indiscutível competência.
E Dilma, o que a habilita a exercer a Presidência da República?
Nada, a não ser a palavra de Lula, que, por razões óbvias, não merece crédito.
O povo nem sempre acerta.
Por duas vezes, o Brasil elegeu presidentes surgidos do nada -Jânio e Collor.
O resultado foi desastroso.
Acha que vale a pena correr de novo esse risco?
Em função disso, formulo opiniões sobre os políticos e os partidos, buscando sempre examinar os fatos com objetividade.
Minha história com o PT é indicativa desse esforço por ver as coisas objetivamente.
Na época em que se discutia o nascimento desse novo partido, alguns companheiros do Partido Comunista opunham-se drasticamente à sua criação, enquanto eu argumentava a favor, por considerar positivo um novo partido de trabalhadores.
Alegava eu que, se nós, comunas, não havíamos conseguido ganhar a adesão da classe operária, devíamos apoiar o novo partido que pretendia fazê-lo e, quem sabe, o conseguiria.
Lembro-me do entusiasmo de Mário Pedrosa por Lula, em quem via o renascer da luta proletária, paixão de sua juventude.
Durante a campanha pela Frente Ampla, numa reunião no Teatro Casa Grande, pela primeira vez pude ver e ouvir Lula discursar.
Não gostei muito do tom raivoso do seu discurso e, especialmente, por ter acusado "essa gente de Ipanema" de dar força à ditadura militar, quando os organizadores daquela manifestação -como grande parte da intelectualidade que lutava contra o regime militar- ou moravam em Ipanema ou frequentavam sua praia e seus bares.
Pouco depois, o torneiro mecânico do ABC passou a namorar uma jovem senhora da alta burguesia carioca.
Não foi isso, porém, que me fez mudar de opinião sobre o PT, mas o que veio depois: negar-se a assinar a Constituição de 1988, opor-se ferozmente a todos os governos que se seguiram ao fim da ditadura -o de Sarney, o de Collor, o de Itamar, o de FHC.
Os poucos petistas que votaram pela eleição de Tancredo foram punidos. Erundina, por ter aceito o convite de Itamar para integrar seu ministério, foi expulsa.
Durante o governo FHC, a coisa se tornou ainda pior: Lula denunciou o Plano Real como uma mera jogada eleitoreira e orientou seu partido para votar contra todas as propostas que introduziam importantes mudanças na vida do país.
Os petistas votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e, ao perderem no Congresso, entraram com uma ação no Supremo a fim de anulá-la. As privatizações foram satanizadas, inclusive a da Telefônica, graças à qual hoje todo cidadão brasileiro possui telefone.
E tudo isso em nome de um esquerdismo vazio e ultrapassado, já que programa de governo o PT nunca teve.
Ao chegar à presidência da República, Lula adotou os programas contra os quais batalhara anos a fio.
Não obstante, para espanto meu e de muita gente, conquistou enorme popularidade e, agora, ameaça eleger para governar o país uma senhora, até bem pouco desconhecida de todos, que nada realizou ao longo de sua obscura carreira política.
No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por capacidade realizadora comprovada.
Enquanto ele apresenta ao eleitor uma ampla lista de realizações indiscutivelmente importantes, no plano da educação, da saúde, da ampliação dos direitos do trabalhador e da cidadania, Dilma nada tem a mostrar, uma vez que sua candidatura é tão simplesmente uma invenção do presidente Lula, que a tirou da cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a plateia.
A possibilidade da eleição dela é bastante preocupante, porque seria a vitória da demagogia e da farsa sobre a competência e a dedicação à coisa pública.
Foi Serra quem introduziu no Brasil o medicamento genérico; tornou amplo e efetivo o tratamento das pessoas contaminadas pelo vírus da Aids, o que lhe valeu o reconhecimento internacional.
Suas realizações, como prefeito e governador, são provas de indiscutível competência.
E Dilma, o que a habilita a exercer a Presidência da República?
Nada, a não ser a palavra de Lula, que, por razões óbvias, não merece crédito.
O povo nem sempre acerta.
Por duas vezes, o Brasil elegeu presidentes surgidos do nada -Jânio e Collor.
O resultado foi desastroso.
Acha que vale a pena correr de novo esse risco?
sábado, 11 de setembro de 2010
Descubra-se
Há dentro de você um mundo de luz, alegria e paz
esperando a sua busca.
Volte-se para dentro e não se deixe abater pelos
pensamentos opressivos e maléficos.
Reaja.
Ponha confiança abundante em si mesmo. Não espere
sofrimentos e amarguras. Seja firme.
Desperte. Você é feliz, pense nisso.
A sua segurança em Deus aumenta à medida que você
descobre a luz, a alegria e a paz que repousam no
seu íntimo.
(Ismael Zaranski)
esperando a sua busca.
Volte-se para dentro e não se deixe abater pelos
pensamentos opressivos e maléficos.
Reaja.
Ponha confiança abundante em si mesmo. Não espere
sofrimentos e amarguras. Seja firme.
Desperte. Você é feliz, pense nisso.
A sua segurança em Deus aumenta à medida que você
descobre a luz, a alegria e a paz que repousam no
seu íntimo.
(Ismael Zaranski)
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
O fígado e o equilíbrio emocional
Metafísica - Sistemas Excretores - Equilíbrio Emocional
Onde nasce o verdadeiro equilíbrio emocional
Na visão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) o fígado, do ponto de vista energético, está estreitamente envolvido com a vesícula biliar (postura e decisões), mas também com os olhos (sentido da visão), ombros, joelhos e tendões (flexibilidade), unhas, seios e todo o aparelho reprodutor feminino.
Na MTC se diz que o fígado é o órgão mais importante para a mulher, assim como o rim o é para o homem. Praticamente todo o sistema reprodutor feminino é regido pelo fígado, responsável por alterações no ciclo menstrual, presença de cistos de ovário, miomas uterinos, corrimentos ou prurido vaginais, alterações da libido como frigidez e impotência. O fígado é responsável por manter o livre fluxo da energia total do corpo. Como o movimento do sangue segue o movimento da energia, dizemos que o fígado direciona a circulação do sangue, regula também o ciclo menstrua e é o principal órgão envolvido no bloqueio energético do corpo.
Mas seu papel mais importante, é sem dúvida, sobre o equilíbrio emocional. É o livre fluir da energia do fígado que vai nos permitir responder vitoriosamente aos desafios da vida, aos estímulos emocionais e afetivos, 24 horas por dia, cada segundo de nossa vida, sem parar
Explicando melhor: Quando passamos por eventos na vida tensos ou desagradáveis pode ocorrer um bloqueio energético dentro dos meridianos e quando isso acontece instala-se, dentro do nosso subconsciente, uma emoção negativa ou crença negativa.
Exemplos de emoções e crenças negativas: Raiva, culpa, ansiedade, estress, baixa-autoestima, triateza, depressão, procrastinação, medo, pânico, timidez, insegurança, entre outras
Quando o fígado esta desequilibrado a pessoa tem mais propensão a acumular bloqueios energéticos. Ou seja uma pessoa com a energia do fígado debilitado tem mais facilidade de acumular no seu subconsciente mais emoções negativas do que outras.
Daí começa a responsabilidade e respeito que devemos ter pelo nosso fígado e sistema hepático. E, já podemos deduzir sobre o desgaste intenso ao qual este sistema é submetido no cotidiano da vida moderna. Pouco se sabe sobre sua importância e como auxiliar, ser cúmplice, do fígado nesta missão existencial: equilíbrio emocional e afetivo. Visão, flexibilidade, postura e decisões.
Pelo contrário, só pela má alimentação e sedentarismo, a cultura ocidental faz de tudo para fragilizar o sistema hepático.
Os maus hábitos alimentares e de vida levam ao seu desequilíbrio funcional, que leva ao desequilíbrio emocional, que desencadeia mais maus hábitos alimentares e de vida.
Este desequilíbrio energético pode se manifestar de várias formas. Dependendo da sua localização: insônia, enxaqueca, hipertensão, problemas digestivos, TPM, etc.
Os problemas ligados ao fígado podem ser por falta ou por excesso de energia circulante. Um bom exemplo de excesso é a raiva, mais exatamente a raiva reprimida e, num quadro de vazio energético, temos a procrastinação e o medo paralisante ou síndrome de pânico. A estagnação do fluxo de energia do fígado freqüentemente desequilibra o emocional, produzindo sentimentos de frustração e ira. Essas mesmas emoções podem levar a uma disfunção no fígado, resultando em um ciclo interminável de causa e efeito.
Como todas as emoções, boas ou más, passam pelo fígado, não devemos reprimi-las infinitamente. A repressão das emoções provoca um bloqueio da energia que leva ao excesso de calor no fígado. Cabe uma distinção entre sentimento e emoção.
Os sentimentos geralmente fortalecem os órgãos e servem como mecanismos de defesa para o organismo. Uma certa irritação que nos leva a reagir diante de um ataque ou quando nos sentimos lesados, é diferente da raiva que é cega e destrutiva.
Os olhos são a manifestação externa do fígado. Em outras palavras, o fígado rege o sentido da visão. Assim, patologias da visão irão sinalizar alguma alteração no fígado. As mais comuns são: conjuntivites, olhos vermelhos sem processo inflamatório, coceiras, "vista" seca, visão fraca, embaçada ou borrada, terçol, pontos brilhantes que aparecem no campo visual e outros.
A lágrima é a secreção interna que ajuda a aliviar o fígado. Cuidado com olhos secos. Daí vem a importância do exercício de "piscar os olhos" (sempre - não esquecer) e de não reprimir o choro, embora nem sempre seja conveniente socialmente. Mas, acredite, conter o choro faz mal à saúde. Ah! Uma forma divertida de chorar / lacrimejar é deixando o riso fluir, acontecer no seu dia-a-dia, na sua vida.
As unhas são outra manifestação externa das condições do fígado, e as suas deformidades ou a presença de micose sugerem algum comprometimento do fígado ou desequilíbrio prolongado da sua energia.
O fígado rege as articulações do ombro e joelhos e também os tendões de modo geral. Assim sendo, as bursites e dores nos joelhos sem causa aparente, são sinais de comprometimento da energia do fígado. As tendinites e os estiramentos freqüentes também estão neste quadro.
Todo órgão está associado a uma víscera que, no caso do fígado, é a vesícula biliar.
Resumidamente, a vesícula atua mantendo o equilíbrio postural. Todos os quadros de tonturas, vertigens, labirintites estão ligados a ela. Rege a articulação tempero mandibular (ATM). Todas as tensões que ficam retidas no fígado podem ser descarregadas nesta região e produzir o bruxismo, que é um quadro de ranger os dentes, que se manifesta mais freqüentemente durante o sono.
Metafisicamente a vesícula biliar comanda a capacidade de tomarmos decisões assertivas. Uma vesícula desequilibrada se manifestará na forma de indecisões ou mesmo desorientações, perda de rumo.
Desintoxicar-se diariamente praticando a terapia do riso, as brincadeiras, as artes, o lazer;
Praticar atividade física moderada diariamente. Vocês não têm noção de como este hábito é vital para o livre fluxo de energia do fígado;
O sabores ácido e amargo, assim como os alimentos de cor verde são os maiores aliados do fígado. Entretanto, na primavera, evite exagerar nos sabores ácidos e picantes.
Evitar intoxicar-se com alimentos muito gordurosos (pela qualidade, gordura animal e óleos refinados, como pela quantidade), frituras, açúcar, café e álcool;
Evitar vida sedentária e estressante, o mau humor, ilusões e grandes expectativas.
Onde nasce o verdadeiro equilíbrio emocional
Na visão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) o fígado, do ponto de vista energético, está estreitamente envolvido com a vesícula biliar (postura e decisões), mas também com os olhos (sentido da visão), ombros, joelhos e tendões (flexibilidade), unhas, seios e todo o aparelho reprodutor feminino.
Na MTC se diz que o fígado é o órgão mais importante para a mulher, assim como o rim o é para o homem. Praticamente todo o sistema reprodutor feminino é regido pelo fígado, responsável por alterações no ciclo menstrual, presença de cistos de ovário, miomas uterinos, corrimentos ou prurido vaginais, alterações da libido como frigidez e impotência. O fígado é responsável por manter o livre fluxo da energia total do corpo. Como o movimento do sangue segue o movimento da energia, dizemos que o fígado direciona a circulação do sangue, regula também o ciclo menstrua e é o principal órgão envolvido no bloqueio energético do corpo.
Mas seu papel mais importante, é sem dúvida, sobre o equilíbrio emocional. É o livre fluir da energia do fígado que vai nos permitir responder vitoriosamente aos desafios da vida, aos estímulos emocionais e afetivos, 24 horas por dia, cada segundo de nossa vida, sem parar
Explicando melhor: Quando passamos por eventos na vida tensos ou desagradáveis pode ocorrer um bloqueio energético dentro dos meridianos e quando isso acontece instala-se, dentro do nosso subconsciente, uma emoção negativa ou crença negativa.
Exemplos de emoções e crenças negativas: Raiva, culpa, ansiedade, estress, baixa-autoestima, triateza, depressão, procrastinação, medo, pânico, timidez, insegurança, entre outras
Quando o fígado esta desequilibrado a pessoa tem mais propensão a acumular bloqueios energéticos. Ou seja uma pessoa com a energia do fígado debilitado tem mais facilidade de acumular no seu subconsciente mais emoções negativas do que outras.
Daí começa a responsabilidade e respeito que devemos ter pelo nosso fígado e sistema hepático. E, já podemos deduzir sobre o desgaste intenso ao qual este sistema é submetido no cotidiano da vida moderna. Pouco se sabe sobre sua importância e como auxiliar, ser cúmplice, do fígado nesta missão existencial: equilíbrio emocional e afetivo. Visão, flexibilidade, postura e decisões.
Pelo contrário, só pela má alimentação e sedentarismo, a cultura ocidental faz de tudo para fragilizar o sistema hepático.
Os maus hábitos alimentares e de vida levam ao seu desequilíbrio funcional, que leva ao desequilíbrio emocional, que desencadeia mais maus hábitos alimentares e de vida.
Este desequilíbrio energético pode se manifestar de várias formas. Dependendo da sua localização: insônia, enxaqueca, hipertensão, problemas digestivos, TPM, etc.
Os problemas ligados ao fígado podem ser por falta ou por excesso de energia circulante. Um bom exemplo de excesso é a raiva, mais exatamente a raiva reprimida e, num quadro de vazio energético, temos a procrastinação e o medo paralisante ou síndrome de pânico. A estagnação do fluxo de energia do fígado freqüentemente desequilibra o emocional, produzindo sentimentos de frustração e ira. Essas mesmas emoções podem levar a uma disfunção no fígado, resultando em um ciclo interminável de causa e efeito.
Como todas as emoções, boas ou más, passam pelo fígado, não devemos reprimi-las infinitamente. A repressão das emoções provoca um bloqueio da energia que leva ao excesso de calor no fígado. Cabe uma distinção entre sentimento e emoção.
Os sentimentos geralmente fortalecem os órgãos e servem como mecanismos de defesa para o organismo. Uma certa irritação que nos leva a reagir diante de um ataque ou quando nos sentimos lesados, é diferente da raiva que é cega e destrutiva.
Os olhos são a manifestação externa do fígado. Em outras palavras, o fígado rege o sentido da visão. Assim, patologias da visão irão sinalizar alguma alteração no fígado. As mais comuns são: conjuntivites, olhos vermelhos sem processo inflamatório, coceiras, "vista" seca, visão fraca, embaçada ou borrada, terçol, pontos brilhantes que aparecem no campo visual e outros.
A lágrima é a secreção interna que ajuda a aliviar o fígado. Cuidado com olhos secos. Daí vem a importância do exercício de "piscar os olhos" (sempre - não esquecer) e de não reprimir o choro, embora nem sempre seja conveniente socialmente. Mas, acredite, conter o choro faz mal à saúde. Ah! Uma forma divertida de chorar / lacrimejar é deixando o riso fluir, acontecer no seu dia-a-dia, na sua vida.
As unhas são outra manifestação externa das condições do fígado, e as suas deformidades ou a presença de micose sugerem algum comprometimento do fígado ou desequilíbrio prolongado da sua energia.
O fígado rege as articulações do ombro e joelhos e também os tendões de modo geral. Assim sendo, as bursites e dores nos joelhos sem causa aparente, são sinais de comprometimento da energia do fígado. As tendinites e os estiramentos freqüentes também estão neste quadro.
Todo órgão está associado a uma víscera que, no caso do fígado, é a vesícula biliar.
Resumidamente, a vesícula atua mantendo o equilíbrio postural. Todos os quadros de tonturas, vertigens, labirintites estão ligados a ela. Rege a articulação tempero mandibular (ATM). Todas as tensões que ficam retidas no fígado podem ser descarregadas nesta região e produzir o bruxismo, que é um quadro de ranger os dentes, que se manifesta mais freqüentemente durante o sono.
Metafisicamente a vesícula biliar comanda a capacidade de tomarmos decisões assertivas. Uma vesícula desequilibrada se manifestará na forma de indecisões ou mesmo desorientações, perda de rumo.
Desintoxicar-se diariamente praticando a terapia do riso, as brincadeiras, as artes, o lazer;
Praticar atividade física moderada diariamente. Vocês não têm noção de como este hábito é vital para o livre fluxo de energia do fígado;
O sabores ácido e amargo, assim como os alimentos de cor verde são os maiores aliados do fígado. Entretanto, na primavera, evite exagerar nos sabores ácidos e picantes.
Evitar intoxicar-se com alimentos muito gordurosos (pela qualidade, gordura animal e óleos refinados, como pela quantidade), frituras, açúcar, café e álcool;
Evitar vida sedentária e estressante, o mau humor, ilusões e grandes expectativas.
O cristão na política: direita ou esquerda
João Heliofar de Jesus Villar
É muito difícil passar ideologicamente incólume pela universidade. O ambiente é bastante propício para engajamento político, que, em linhas gerais, pende para a esquerda, como todos nós provamos nos tempos da faculdade. Quando experimentei minha conversão em 1982, numa das salas da faculdade de direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, vivia-se a primeira eleição pós-ditadura para governador. Votar em Brizola era, então, uma questão de honra. O adversário era Moreira Franco, que disputava a eleição pela nova Arena – o PDS. Brizola começara com um índice insignificante nas pesquisas. Porém, a Globo cometeu o deslize de incluí-lo nos debates na televisão. O efeito foi instantâneo e impressionante. Brizola poderia ser um mau administrador, mas como debatedor na televisão era imbatível. Frasista inigualável, com um tirocínio impressionante, destruiu seus oponentes e logo assumiu a ponta nas pesquisas.
Aí vem minha conversão. Um colega de faculdade que me evangelizou levou-me à Comunidade S-8, então dirigida pelo pastor Geremias de Matos Fontes, falecido recentemente. Figura memorável e queridíssima, um homem profundamente comprometido com Deus. O "tio Gerê" fora deputado federal e governador do Estado do Rio de Janeiro, e, num passo corajoso, largara a política no auge do prestígio para responder integralmente ao seu chamado ministerial. Manteve, porém, em relação à política, uma visão conservadora na qual Brizola protagonizava uma ameaça à paz e à segurança do Rio de Janeiro e do país. Aí começou o meu primeiro drama político-espiritual. Recém convertido entrei em contato com uma linha que interpretava o embate político como uma guerra espiritual com lados definidos. E o mal era um abutre que voava com a asa esquerda. Aquilo me lançou na maior perplexidade, pois fiquei sem saber se devotava lealdade à minha nova experiência espiritual ou ao meu fervor estudantil.
Faço o relato para ilustrar a nossa tendência de identificar as tendências políticas com a realidade espiritual. Deus em política, pensamos, toma partido e se identifica com as nossas preferências ideológicas. O cristão mais identificado com a esquerda pensa que Deus também é de esquerda e acha sua cartilha muito mais humana, mais solidária etc., etc. O de direita também crê que sua opção é a mais compatível com sua fé, pois é quem mais defende os valores morais do evangelho, a livre iniciativa e por aí vai. E o pior não é isso. Quando chegam as eleições a batalha começa a tomar configuração apocalíptica.
Não é um dilema? Na verdade não deveria ser. As diversas correntes ideológicas servidas no mercado político querem nos convencer que será melhor para a sociedade se o Estado se posicionar desta ou daquela forma. São discussões sobre como o poder dele deve ser exercido sobre a sociedade. É importante, mas não deveríamos classificar os nossos irmãos em Cristo em categorias estereotipadas apenas porque eles não comungam de nossas preferências ideológicas (especialmente quando se vive num regime democrático, em que o poder do Estado sofre limitações constitucionais). Não deveríamos nunca, a esse respeito, impor convicções, mesmo porque o dissenso é o oxigênio da convivência política – aliás, de qualquer convivência saudável.
Além do mais, cristão não tem rigidez ideológica. Em política ele é um infiltrado. Conforme a causa em pauta estamos à direita ou à esquerda. Nosso compromisso é com a causa do evangelho, e na defesa desses valores podemos nos aliar politicamente a todos aqueles que se dispuserem a defendê-la no caso concreto, independentemente do lado para que pende ideologicamente a asa de nossos aliados. O velho e saudoso Schaeffer falava muito em co-beligerância, conceito que deveríamos lembrar nestes tempos bicudos de patrulhamento ideológico. Seria muita ingenuidade nossa imaginar que os valores do evangelho poderiam ser sequestrados por qualquer partido ou tendência ideológica. O nosso partido é o do evangelho, e o cristão que participa da vida política, seja como eleitor, seja como deputado, deve se lembrar sempre que a sua cidadania é essa, inscrita na cidade de Deus, e que por aqui somos peregrinos, que vamos salgando o terreno dentro daquilo que é possível para nós.
• João Heliofar de Jesus Villar, 45 anos, é procurador regional da República da 4ª Região (no Rio Grande do Sul) e cristão evangélico.
É muito difícil passar ideologicamente incólume pela universidade. O ambiente é bastante propício para engajamento político, que, em linhas gerais, pende para a esquerda, como todos nós provamos nos tempos da faculdade. Quando experimentei minha conversão em 1982, numa das salas da faculdade de direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, vivia-se a primeira eleição pós-ditadura para governador. Votar em Brizola era, então, uma questão de honra. O adversário era Moreira Franco, que disputava a eleição pela nova Arena – o PDS. Brizola começara com um índice insignificante nas pesquisas. Porém, a Globo cometeu o deslize de incluí-lo nos debates na televisão. O efeito foi instantâneo e impressionante. Brizola poderia ser um mau administrador, mas como debatedor na televisão era imbatível. Frasista inigualável, com um tirocínio impressionante, destruiu seus oponentes e logo assumiu a ponta nas pesquisas.
Aí vem minha conversão. Um colega de faculdade que me evangelizou levou-me à Comunidade S-8, então dirigida pelo pastor Geremias de Matos Fontes, falecido recentemente. Figura memorável e queridíssima, um homem profundamente comprometido com Deus. O "tio Gerê" fora deputado federal e governador do Estado do Rio de Janeiro, e, num passo corajoso, largara a política no auge do prestígio para responder integralmente ao seu chamado ministerial. Manteve, porém, em relação à política, uma visão conservadora na qual Brizola protagonizava uma ameaça à paz e à segurança do Rio de Janeiro e do país. Aí começou o meu primeiro drama político-espiritual. Recém convertido entrei em contato com uma linha que interpretava o embate político como uma guerra espiritual com lados definidos. E o mal era um abutre que voava com a asa esquerda. Aquilo me lançou na maior perplexidade, pois fiquei sem saber se devotava lealdade à minha nova experiência espiritual ou ao meu fervor estudantil.
Faço o relato para ilustrar a nossa tendência de identificar as tendências políticas com a realidade espiritual. Deus em política, pensamos, toma partido e se identifica com as nossas preferências ideológicas. O cristão mais identificado com a esquerda pensa que Deus também é de esquerda e acha sua cartilha muito mais humana, mais solidária etc., etc. O de direita também crê que sua opção é a mais compatível com sua fé, pois é quem mais defende os valores morais do evangelho, a livre iniciativa e por aí vai. E o pior não é isso. Quando chegam as eleições a batalha começa a tomar configuração apocalíptica.
Não é um dilema? Na verdade não deveria ser. As diversas correntes ideológicas servidas no mercado político querem nos convencer que será melhor para a sociedade se o Estado se posicionar desta ou daquela forma. São discussões sobre como o poder dele deve ser exercido sobre a sociedade. É importante, mas não deveríamos classificar os nossos irmãos em Cristo em categorias estereotipadas apenas porque eles não comungam de nossas preferências ideológicas (especialmente quando se vive num regime democrático, em que o poder do Estado sofre limitações constitucionais). Não deveríamos nunca, a esse respeito, impor convicções, mesmo porque o dissenso é o oxigênio da convivência política – aliás, de qualquer convivência saudável.
Além do mais, cristão não tem rigidez ideológica. Em política ele é um infiltrado. Conforme a causa em pauta estamos à direita ou à esquerda. Nosso compromisso é com a causa do evangelho, e na defesa desses valores podemos nos aliar politicamente a todos aqueles que se dispuserem a defendê-la no caso concreto, independentemente do lado para que pende ideologicamente a asa de nossos aliados. O velho e saudoso Schaeffer falava muito em co-beligerância, conceito que deveríamos lembrar nestes tempos bicudos de patrulhamento ideológico. Seria muita ingenuidade nossa imaginar que os valores do evangelho poderiam ser sequestrados por qualquer partido ou tendência ideológica. O nosso partido é o do evangelho, e o cristão que participa da vida política, seja como eleitor, seja como deputado, deve se lembrar sempre que a sua cidadania é essa, inscrita na cidade de Deus, e que por aqui somos peregrinos, que vamos salgando o terreno dentro daquilo que é possível para nós.
• João Heliofar de Jesus Villar, 45 anos, é procurador regional da República da 4ª Região (no Rio Grande do Sul) e cristão evangélico.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Lewis e Tolkien por Carpenter
Humphrey Carpenter detalha :
Era uma noite tempestuosa, mas eles seguiram em frente, pela Addison´s Walk enquanto discutiam o propósito dos mitos. Lewis, apesar de já ser um crente, ainda não conseguia compreender a função de Cristo no cristianismo, não conseguia perceber o significado da Crucificação e da Ressurreição. Disse que tinha de entender o propósito desses eventos – ou, como diria mais tarde numa carta ao um amigo, ‘como a vida e a morte de Outra Pessoa (quem quer que fosse) há dois mil anos pode ajudar-nos aqui e agora – exceto na medida em que seu exemplo nos possa ajudar’.
À medida que a noite passava, Tolkien e Dyson [um outro amigo dos dois, também cristão] mostraram-lhe que estava fazendo uma exigência totalmente desnecessária. Quando encontrava a idéia de sacríficio na mitologia de uma religião pagã, ele a admirava e se emocionava com ela; a idéia da deidade que morre e renasce sempre tocara sua imaginação desde que lera a história do deus nórdico Balder. Mas dos Evangelhos (diziam eles) ele estava exigindo algo a mais, um significado claro além do mito. Não poderia transferir seu apreço comparativamente tácito pelo mito para a história verdadeira?
Mas, disse Lewis, mitos são mentiras, mesmo que sejam mentiras envoltas em prata.
Não, disse Tolkien, não são.
E, indicando as grandes árvores do bosque de Magdalen cujos ramos se curvavam ao vento, enveredou por uma linha diferente de argumentação.
Você chama uma árvore de árvore, disse, e não pensa mais na palavra. Mas não era “árvore” até que alguém lhe desse esse nome. Você chama uma estrela de estrela, e diz que é só uma bola de matéria que se move numa trajetória matemática. Mas isto é meramente como você a vê. Nomeando e descrevendo as coisas dessa maneira, você está apenas inventando seus próprios termos para elas. E assim como a fala é uma invenção sobre objetos e idéias, assim também o mito é uma invenção sobre a verdade.
Viemos de Deus (continuou Tolkien), e inevitavelmente os mitos que tecemos, apesar de conterem erros, refletem também um fragmento da verdadeira luz, da verdade eterna que está com Deus. De fato, apenas ao fazer mitos, ao se tornar “subcriador” e inventar histórias, é que o Homem pode se aproximar do estado de perfeição que conhecia antes da Queda. Nossos mitos podem ser mal orientados, mas dirigem-se, ainda que vacilantes, para o porto verdadeiro, ao passo que o “progresso” materialista conduz apenas a um enorme abismo e à Coroa de Ferro do poder do mal.
(…)
Quer dizer, perguntou Lewis, que a história de Cristo é simplesmente um mito verdadeiro, um mito que nos afeta da mesma forma que os outros, mas um mito que realmente aconteceu? Nesse caso, disse ele, começo a compreender.
(…)
Doze dias depois, Lewis escreveu ao amigo Arthur Greeves: ‘Acabo de converter-me da crença em Deus à crença definitiva em Cristo – no cristianismo. Tentarei explicar isto em outra ocasião. Minha longa conversa noturna com Dyson e Tolkien teve muito a ver com isso’.
(…)
E Tolkien escreveu no seu diário: ‘A amizade com Lewis compensa muita coisa, e além de dar prazer e conforto constantes me fez muito bem pelo contato com um homem ao mesmo tempo honesto, valente, intelectual – um erudito, um poeta e um filósofo – e um amante, ao menos após uma longa peregrinação, de Nosso Senhor’.
“Por muito tempo, ele foi o meu único público”, disse Tolkien, reconhecendo a dívida que tinha com Lewis. Foi em sua homenagem que ele escreveu o poema que seria o germe de seu pensamento em relação a “O Silmarillion” e ao “O Senhor dos Anéis” – “Mythopoeia”. Ele o leu numa conferência proferida em St. Andrews no dia 8 de março de 1939, dois anos depois do sucesso de “O Hobbit”. Como o tema era justamente “o conto de fada”, parece que Tolkien queria provar ao público e a si mesmo que não era um escritor de livros infantis, mas sim um erudito, que estava “por dentro da língua”, e que podia criar suas próprias teorias sobre a função de um contador de histórias. “Mythopoeia” era o ponto crucial de suas idéias:
O coração do homem não se compõe de mentiras,
mas retira alguma sabedoria do único Sábio,
e ainda O relembra. Embora há muito alheado,
o Homem não está totalmente perdido ou mudado.
Degradado talvez, mas não estronado,
mantém os farrapos do domínio outrora seu:
o Homem, Subcriador, a luz refratada
através da qual um único Branco se fende
em muitos tons, e infinitamente combinada
em formas vivas que se movem de uma mente à outra.
Embora tenhamos preenchido todas as frestas do mundo
com Elfos e Duendes, ousado moldar
Deuses e suas casas com a escuridão e a luz,
e semeado a semente de dragões – era nosso direito
(usado ou abusado). Esse direito não decaiu:
ainda criamos pela lei na qual fomos criados.
- Tradução de Ronald Eduard Kyrmse
Era uma noite tempestuosa, mas eles seguiram em frente, pela Addison´s Walk enquanto discutiam o propósito dos mitos. Lewis, apesar de já ser um crente, ainda não conseguia compreender a função de Cristo no cristianismo, não conseguia perceber o significado da Crucificação e da Ressurreição. Disse que tinha de entender o propósito desses eventos – ou, como diria mais tarde numa carta ao um amigo, ‘como a vida e a morte de Outra Pessoa (quem quer que fosse) há dois mil anos pode ajudar-nos aqui e agora – exceto na medida em que seu exemplo nos possa ajudar’.
À medida que a noite passava, Tolkien e Dyson [um outro amigo dos dois, também cristão] mostraram-lhe que estava fazendo uma exigência totalmente desnecessária. Quando encontrava a idéia de sacríficio na mitologia de uma religião pagã, ele a admirava e se emocionava com ela; a idéia da deidade que morre e renasce sempre tocara sua imaginação desde que lera a história do deus nórdico Balder. Mas dos Evangelhos (diziam eles) ele estava exigindo algo a mais, um significado claro além do mito. Não poderia transferir seu apreço comparativamente tácito pelo mito para a história verdadeira?
Mas, disse Lewis, mitos são mentiras, mesmo que sejam mentiras envoltas em prata.
Não, disse Tolkien, não são.
E, indicando as grandes árvores do bosque de Magdalen cujos ramos se curvavam ao vento, enveredou por uma linha diferente de argumentação.
Você chama uma árvore de árvore, disse, e não pensa mais na palavra. Mas não era “árvore” até que alguém lhe desse esse nome. Você chama uma estrela de estrela, e diz que é só uma bola de matéria que se move numa trajetória matemática. Mas isto é meramente como você a vê. Nomeando e descrevendo as coisas dessa maneira, você está apenas inventando seus próprios termos para elas. E assim como a fala é uma invenção sobre objetos e idéias, assim também o mito é uma invenção sobre a verdade.
Viemos de Deus (continuou Tolkien), e inevitavelmente os mitos que tecemos, apesar de conterem erros, refletem também um fragmento da verdadeira luz, da verdade eterna que está com Deus. De fato, apenas ao fazer mitos, ao se tornar “subcriador” e inventar histórias, é que o Homem pode se aproximar do estado de perfeição que conhecia antes da Queda. Nossos mitos podem ser mal orientados, mas dirigem-se, ainda que vacilantes, para o porto verdadeiro, ao passo que o “progresso” materialista conduz apenas a um enorme abismo e à Coroa de Ferro do poder do mal.
(…)
Quer dizer, perguntou Lewis, que a história de Cristo é simplesmente um mito verdadeiro, um mito que nos afeta da mesma forma que os outros, mas um mito que realmente aconteceu? Nesse caso, disse ele, começo a compreender.
(…)
Doze dias depois, Lewis escreveu ao amigo Arthur Greeves: ‘Acabo de converter-me da crença em Deus à crença definitiva em Cristo – no cristianismo. Tentarei explicar isto em outra ocasião. Minha longa conversa noturna com Dyson e Tolkien teve muito a ver com isso’.
(…)
E Tolkien escreveu no seu diário: ‘A amizade com Lewis compensa muita coisa, e além de dar prazer e conforto constantes me fez muito bem pelo contato com um homem ao mesmo tempo honesto, valente, intelectual – um erudito, um poeta e um filósofo – e um amante, ao menos após uma longa peregrinação, de Nosso Senhor’.
“Por muito tempo, ele foi o meu único público”, disse Tolkien, reconhecendo a dívida que tinha com Lewis. Foi em sua homenagem que ele escreveu o poema que seria o germe de seu pensamento em relação a “O Silmarillion” e ao “O Senhor dos Anéis” – “Mythopoeia”. Ele o leu numa conferência proferida em St. Andrews no dia 8 de março de 1939, dois anos depois do sucesso de “O Hobbit”. Como o tema era justamente “o conto de fada”, parece que Tolkien queria provar ao público e a si mesmo que não era um escritor de livros infantis, mas sim um erudito, que estava “por dentro da língua”, e que podia criar suas próprias teorias sobre a função de um contador de histórias. “Mythopoeia” era o ponto crucial de suas idéias:
O coração do homem não se compõe de mentiras,
mas retira alguma sabedoria do único Sábio,
e ainda O relembra. Embora há muito alheado,
o Homem não está totalmente perdido ou mudado.
Degradado talvez, mas não estronado,
mantém os farrapos do domínio outrora seu:
o Homem, Subcriador, a luz refratada
através da qual um único Branco se fende
em muitos tons, e infinitamente combinada
em formas vivas que se movem de uma mente à outra.
Embora tenhamos preenchido todas as frestas do mundo
com Elfos e Duendes, ousado moldar
Deuses e suas casas com a escuridão e a luz,
e semeado a semente de dragões – era nosso direito
(usado ou abusado). Esse direito não decaiu:
ainda criamos pela lei na qual fomos criados.
- Tradução de Ronald Eduard Kyrmse
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Gente que vota....omg
Um sujeito comprou uma geladeira nova. Para livrar-se da geladeira velha, colocou-a no gramado em frente à casa e pendurou um aviso dizendo: "De graça para um bom lar. Se a quiser, basta levá-la." A geladeira ficou lá três dias sem receber sequer um segundo olhar dos passantes. Finalmente, o sujeito chegou à conclusão de que as pessoas não acreditavam no que ele estava propondo. Parecia bom demais para ser verdade... Ele então mudou o aviso, que passou a ser: "Geladeira à venda, por $50 reais." No dia seguinte alguém a tinha roubado.
Esse tipo de gente vota...
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Olhando uma casa, meu irmão perguntou à corretora de imóveis de que lado era o norte, porque, explicou ele, ele não queria que o sol o acordasse todas as manhãs. Ela perguntou, "O sol nasce no norte?" Quando meu irmão explicou que o sol nasce no Leste (e aliás há um bom tempo isso vem acontecendo), ela sacudiu a cabeça e disse "Ah, sabe, eu não me mantenho atualizada a respeito desse tipo de coisa."
Ela também vota!
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Antigamente eu trabalhava em suporte técnico num centro de atendimento a clientes 24 horas por dia, 7 dias por semana. Um dia recebi um telefonema de um sujeito que perguntou em que horário o centro de atendimento estava aberto. Eu disse a ele "O número que o senhor discou está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana." Ele respondeu: "Pelo horário de verão ou o normal?" Querendo acabar com o assunto rapidamente, respondi: "Horário de verão."
Ele também vota!
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Meu colega e eu estávamos almoçando em nosso restaurante self-service quando ouvimos, por acaso, uma das assistentes administrativas falando a respeito das queimaduras de sol que ela havia tido ao ir de carro ao litoral no fim de semana. Ela tinha ido num conversível, mas "não pensou que ficaria queimada, pois o carro estava em movimento." Detalhe: ela não era loira!
Ela também vota!
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Minha irmã tem uma ferramenta salva-vidas no carro dela. É uma ferramenta projetada para cortar o cinto de segurança se ela ficar enredada nele.
Ela guarda a ferramenta no porta-malas.
Minha irmã também vota!
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Meus amigos e eu fomos comprar engradados de cerveja e notamos que os engradados tinham desconto de 10 por cento. Compramos 2 engradados. O caixa multiplicou 10 por cento por 2 e nos deu um desconto de 20 por cento.
Ele também vota!
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Saí com uma amiga e vimos uma mulher com um aro no nariz, atrelado a um brinco por meio de uma corrente. Minha amiga disse "Será que a corrente não dá um puxão a cada vez que ela vira a cabeça?" Expliquei que o nariz e a orelha de uma pessoa permanecem à mesma distância independentemente de para que lado a pessoa vira a cabeça.
Minha amiga também vota!
--------------------------------------------------------------------------------
Eu não conseguia achar minha bagagem na área de bagagens do aeroporto. Fui, então, até o setor de bagagem extraviada e disse à mulher que minhas malas não tinham aparecido. Ela sorriu e me disse para não me preocupar, porque ela era uma profissional treinada e eu estava em boas mãos.
"Apenas me informe," perguntou-me, "o seu avião já chegou?"
Ela também vota!
--------------------------------------------------------------------------------
Trabalhando numa pizzaria observei um homem que estava fazendo pedido de uma pizza para viagem. Ele parecia ser sozinho e o pizzaiolo perguntou se ele preferiria que a pizza fosse cortada em 4 ou 6 pedaços. Ele pensou durante algum tempo antes de responder. "Corte só em 4 pedaços; acho que não estou com fome suficiente para comer 6 pedaços."
Isso mesmo, ele também vota...
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Os políticos sabem quem os elegem! NÒS
Esse tipo de gente vota...
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Olhando uma casa, meu irmão perguntou à corretora de imóveis de que lado era o norte, porque, explicou ele, ele não queria que o sol o acordasse todas as manhãs. Ela perguntou, "O sol nasce no norte?" Quando meu irmão explicou que o sol nasce no Leste (e aliás há um bom tempo isso vem acontecendo), ela sacudiu a cabeça e disse "Ah, sabe, eu não me mantenho atualizada a respeito desse tipo de coisa."
Ela também vota!
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Antigamente eu trabalhava em suporte técnico num centro de atendimento a clientes 24 horas por dia, 7 dias por semana. Um dia recebi um telefonema de um sujeito que perguntou em que horário o centro de atendimento estava aberto. Eu disse a ele "O número que o senhor discou está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana." Ele respondeu: "Pelo horário de verão ou o normal?" Querendo acabar com o assunto rapidamente, respondi: "Horário de verão."
Ele também vota!
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Meu colega e eu estávamos almoçando em nosso restaurante self-service quando ouvimos, por acaso, uma das assistentes administrativas falando a respeito das queimaduras de sol que ela havia tido ao ir de carro ao litoral no fim de semana. Ela tinha ido num conversível, mas "não pensou que ficaria queimada, pois o carro estava em movimento." Detalhe: ela não era loira!
Ela também vota!
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Minha irmã tem uma ferramenta salva-vidas no carro dela. É uma ferramenta projetada para cortar o cinto de segurança se ela ficar enredada nele.
Ela guarda a ferramenta no porta-malas.
Minha irmã também vota!
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Meus amigos e eu fomos comprar engradados de cerveja e notamos que os engradados tinham desconto de 10 por cento. Compramos 2 engradados. O caixa multiplicou 10 por cento por 2 e nos deu um desconto de 20 por cento.
Ele também vota!
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Saí com uma amiga e vimos uma mulher com um aro no nariz, atrelado a um brinco por meio de uma corrente. Minha amiga disse "Será que a corrente não dá um puxão a cada vez que ela vira a cabeça?" Expliquei que o nariz e a orelha de uma pessoa permanecem à mesma distância independentemente de para que lado a pessoa vira a cabeça.
Minha amiga também vota!
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Eu não conseguia achar minha bagagem na área de bagagens do aeroporto. Fui, então, até o setor de bagagem extraviada e disse à mulher que minhas malas não tinham aparecido. Ela sorriu e me disse para não me preocupar, porque ela era uma profissional treinada e eu estava em boas mãos.
"Apenas me informe," perguntou-me, "o seu avião já chegou?"
Ela também vota!
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Trabalhando numa pizzaria observei um homem que estava fazendo pedido de uma pizza para viagem. Ele parecia ser sozinho e o pizzaiolo perguntou se ele preferiria que a pizza fosse cortada em 4 ou 6 pedaços. Ele pensou durante algum tempo antes de responder. "Corte só em 4 pedaços; acho que não estou com fome suficiente para comer 6 pedaços."
Isso mesmo, ele também vota...
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Os políticos sabem quem os elegem! NÒS
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Futuro do cristianismo
"O texto O FUTURO DO CRISTIANISMO é uma carta aberta de Helena P. Blavatsky ao Arcebispo de Cantuária, líder espiritual máximo da Igreja Anglicana. Na carta, a fundadora do movimento esotérico moderno expõe - com sua franqueza habitual - a visão da teosofia autêntica em relação ao cristianismo como um todo. H.P.B. mostra a diferença radical entre o cristianismo de Jesus e o "cristianismo" das Igrejas, e mostra a necessidade de transcender os dogmas e as formas externas, para alcançar a sabedoria universal. "
Uma Carta Aberta ao Arcebispo de Cantuária
Helena P. Blavatsky
Nota dos Editores:
Durante séculos, o Vaticano promoveu a tortura e a morte no fogo de centenas de milhares de pessoas inocentes. A desculpa era “Lúcifer”, o inimigo imaginário de um deus medieval sedento de sangue. A palavra
“Lúcifer”, porém, é muito anterior ao cristianismo e significa “portador da luz”. O termo designa o planeta Vênus, a “estrela da manhã”, que anuncia o nascer do sol. A palavra foi distorcida pelos teólogos medievais, quando eles decidiram fabricar um “inimigo terrível” para justificar o uso sistemático do assassinato em nome de Deus. Em Londres, na etapa final da sua vida, Helena P. Blavatsky fundou uma revista e chamou-a de “Lúcifer”. H.P.B. queria resgatar da fraude teológica este termo pré-cristão da sabedoria universal. Foi em “Lúcifer”, na edição de dezembro de 1887, que apareceu pela primeira vez o artigo a seguir, uma carta aberta ao Arcebispo de Cantuária. Seu título original é “Lucifer to the Archbishop of Canterbury, Greeting!” (“Saudações de Lúcifer ao Arcebispo de Cantuária!”). A cidade de Cantuária (em inglês,
Canterbury) está situada no sudeste da Inglaterra e constitui o principal centro religioso do país. Ali vive tradicionalmente o arcebispo que lidera a Igreja Anglicana. Cabe registrar ainda que a Sociedade Teosófica
original não existe mais. Ela deu lugar a um movimento amplo e marcado pela diversidade de organizações. Portanto, no texto a seguir, onde se lê “Sociedade Teosófica”, deve-se ler “Movimento Teosófico”.
Senhor Primaz de toda a Inglaterra:
Fazemos uso de uma carta aberta a Sua Graça para transmitir a você e para fazer chegar através de você aos membros do clero, às suas ovelhas e a todos os cristãos em geral – que nos consideram como inimigos de Cristo – uma breve descrição da posição da teosofia em relação ao cristianismo, pois pensamos que chegou o momento de fazer isso.
Sua Graça é sem dúvida consciente de que a teosofia não é uma religião, mas uma filosofia ao mesmo tempo religiosa e científica; e que a principal tarefa da Sociedade Teosófica até agora tem sido fazer reviver em cada religião o seu espírito próprio que a anima, ao encorajar e ajudar o estudo do verdadeiro significado das suas doutrinas e das suas práticas. Os teosofistas sabem que quanto mais profundamente se avança na compreensão das doutrinas e das cerimônias de todas as religiões, maior e mais aparente se torna a sua semelhança básica, até que, por fim, se chega à percepção da sua unidade fundamental. Este terreno comum é a teosofia – a Doutrina Secreta de todas as épocas; que, diluída e disfarçada para se adaptar à percepção das multidões e às exigências de cada época, constitui a essência viva de todas as religiões. A Sociedade Teosófica tem lojas compo stas por budistas, hindus, maometanos, parses, cristãos e livre-pensadores, que trabalham como irmãos no terreno comum da teosofia. E é precisamente porque a teosofia não é uma religião, nem pode cumprir o papel de uma religião para as multidões, que o sucesso desta Sociedade foi tão grande, não apenas em relação ao número crescente dos seus membros e à sua influência cada vez maior, mas também no que se refere à realização do seu trabalho - o resgate da espiritualidade na religião, e o cultivo do sentimento de FRATERNIDADE entre os homens.
Nós, teosofistas, cremos que a religião é um incidente natural na vida do homem, no seu estágio atual de desenvolvimento; e que embora em casos raros os indivíduos possam nascer sem o sentimento religioso, uma comunidade deve ter uma religião, isto é, um laço de união – sob pena de cair na decadência social e na aniquilação material. Acreditamos que nenhuma doutrina religiosa pode ser mais que uma tentativa de descrever - para a nossa limitada capacidade atual de compreensão e nos termos das nossas experiências terrestres - grandes verdades cósmicas e espirituais que, no estado normal de consciência, sentimos vagamente, mais do que realmente percebemos e compreendemos; e uma revelação, para que possa revelar alguma coisa, deve necessariamente adequar-se às mesmas exigências do intelecto humano.
Na nossa avaliação, portanto, nenhuma religião pode ser absolutamente verdadeira, e nenhuma pode ser absolutamente falsa. Uma religião é verdadeira na medida em que atende as necessidades espirituais, morais e intelectuais da sua época, e ajuda o desenvolvimento da humanidade nestas áreas. Ela é falsa na medida em que bloqueia este desenvolvimento e prejudica a parte espiritual, moral e intelectual da natureza do homem. E as ideias transcendentemente espirituais sobre os poderes dirigentes do universo, adotadas por um sábio do Oriente, seriam para um selvagem africano uma religião tão falsa quanto o fetichismo inferior deste selvagem seria para aquele sábio, embora os dois pontos de vista devam necessariamente ser verdadeiros, em certa medida, porque ambos representam as mais elevadas ideias que estes indivíduos podem respectivamente conceber a respeito destes fatos cósmico-espirituais . Tais fatos jamais podem ser conhecidos na sua realidade pelo homem, enquanto ele for apenas um homem.
Os teosofistas, portanto, respeitam todas as religiões e têm uma profunda admiração pela ética religiosa de Jesus. E não poderia ser de outro modo, pois estes ensinamentos que chegaram até nós são os mesmos que os da teosofia. Na medida, pois, em que o cristianismo moderno se conduz de acordo com a sua afirmação de que é a religiãoprática ensinada por Jesus, os teosofistas estão com ele de todo o coração. A partir do momento em que age contra esta ética, pura e simples, os teosofistas tornam-se seus opositores. Qualquer cristão pode, se quiser, comparar o Sermão da Montanha com os dogmas da sua igreja e o espírito que respira nela, e com os princípios que guiam esta civilização cristã e governam a sua própria vida; e então estará em condições de julgar por si mesmo até que ponto a religião de Jesus está presente em seu cristianismo, e até que ponto, co nsequentemente, ele e os teosofistas estão de acordo. Mas os cristãos declarados, e especialmente o clero, evitam fazer esta comparação. Como comerciantes que temem ir à falência, eles parecem ter receio de encontrar na sua contabilidade um saldo negativo que não poderia ser compensado contabilizando bens materiais em lugar de bens espirituais. A comparação entre os ensinamentos de Jesus e as doutrinas das igrejas foi, todavia, feita frequentemente - e muitas vezes com um grande conhecimento e uma perspicácia decisiva - tanto por aqueles que queriam abolir o cristianismo, quanto pelos que queriam reformá-lo; e o resultado total destas comparações, como Sua Graça deve saber, prova que em quase todos os pontos as doutrinas das igrejas e o modo de agir dos cristãos estão em contradição direta com os ensinamentos de Jesus.
Temos o costume de dizer aos budistas, aos maometanos, aos hindus ou aos parses: “O caminho que conduz à teosofia passa por vocês mesmos, por sua própria religião”. Dizemos isto porque as suas crenças possuem um significado profundamente filosófico e esotérico, que explica as alegorias sob as quais são apresentadas ao povo. Mas não podemos dizer a mesma coisa aos cristãos.
Os sucessores dos Apóstolos nunca registraram por escrito a doutrina secreta de Jesus - os “mistérios do reino dos céus” -, que foi dada a conhecer apenas a eles (seus apóstolos) [1]. Estes mistérios foram suprimidos, afastados, destruídos. O que nos chegou através do tempo são os preceitos, as parábolas, as alegorias e as fábulas que Jesus destinou expressamente aos espiritualmente surdos e cegos, e que deveriam ser reveladas mais tarde para o mundo, e que o cristianismo moderno ora as toma na íntegra, literalmente, ora as interpreta segundo a fantasia dos Padres da igreja secular. Em ambos os casos, elas são como flores cortadas: estão separadas da planta em que cresceram e da raiz de que esta planta tirou sua vida. Portanto, se fôssemos encorajar os cristãos, como fazemos com os fiéis de outras crenças, a estudarem por si mesmos a sua própria relig ião, a consequência seria não um conhecimento do significado dos seus mistérios, mas o redespertar da superstição e da intolerância medievais, acompanhado de uma formidável explosão de preces e sermões ditos apenas da boca para fora - tal como o que resultou na formação de 239 seitas protestantes, apenas na Inglaterra - ou, alternativamente, um grande aumento do ceticismo, pois o cristianismo não tem uma base esotérica conhecida pelos que o seguem. Porque mesmo você, Senhor Primaz da Inglaterra, deve estar dolorosamente consciente do fato de que não sabe absolutamente nada sobre os “mistérios do reino dos céus” ensinados por Jesus aos seus discípulos - que não seja conhecido pelo membro mais humilde e mais iletrado da sua Igreja.
Portanto, é facilmente compreensível que os teosofistas nada têm a dizer contra a política da Igreja Católica Romana de proibir, e a política das igrejas protestantes de desencorajar, qualquer investigação individual sobre o significado dos dogmas “cristãos” que seja correspondente ao estudo esotérico das outras religiões. Com as suas ideias e conhecimentos atuais, os cristãos não têm condições de empreender um exame crítico da sua fé com uma perspectiva de bons resultados. O seu efeito inevitável seria paralisar, ao invés de estimular, os sentimentos religiosos adormecidos; porque os estudos críticos da Bíblia e a mitologia comparada provaram de uma forma conclusiva - pelo menos, para aqueles que não têm interesse pessoal, espiritual ou temporal, na manutenção da ortodoxia -, que a religião cristã, tal como existe agora, é composta de cascas externas do judaísmo, co m retalhos do paganismo e restos mal digeridos de gnosticismo e neoplatonismo.
Este curioso conglomerado que se formou gradualmente à volta do registro das palavras ditas por Jesus começou agora, eras mais tarde, a desintegrar- se e a desagregar-se, separando-se das jóias puras e preciosas da verdade teosófica que durante tanto tempo ele encobriu e escondeu, mas que nunca puderam ser desfiguradas ou destruídas. A teosofia não só resgata estas jóias preciosas do destino que ameaça o lixo ao qual estiveram tanto tempo misturadas. Ela também salva o próprio lixo de uma condenação completa; porque ela mostra que o resultado do exame crítico da Bíblia está longe de ser a análise última do cristianismo, uma vez que cada um dos pedaços que compõem os curiosos mosaicos das Igrejas pertenceu, em algum momento, a uma religião que tinha um significado esotérico. Só quando estes pedaços forem recolocados nos lugares que ocupavam originalmente poderá ser percebido o significado real das doutrinas do cristianismo. Para fazer tudo isto, contudo, é necessário um conhecimento da Doutrina Secreta tal como ela existe nas bases esotéricas de outras religiões; e o clero não possui este conhecimento, pois a Igreja escondeu as suas chaves, e depois as perdeu.
Sua Graça compreenderá agora por que motivo a Sociedade Teosófica tem como um dos seus três “objetivos” o estudo das religiões e filosofias orientais, que lançam esta luz sobre o sentido oculto do cristianismo; e compreenderá também, segundo esperamos, que, ao fazê-lo, não agimos como inimigos, mas como amigos da religião ensinada por Jesus – o verdadeiro cristianismo, na realidade. Porque é só através do estudo destas religiões e filosofias que os cristãos poderão chegar em algum momento à compreensão das suas próprias crenças, ou descobrir o sentido oculto das parábolas e das alegorias ditas pelo Nazareno aos paralíticos espirituais da Judeia. Ao considerá-las como fatos literais ou como fantasia, as igrejas colocaram os seus próprios ensinamentos no ridículo e fizeram com que eles fossem desprezados, levando o cristianismo a um sério perigo de um colapso completo, debilitado como ele está pelos estudos históricos críticos e pelas pesquisas mitológicas, além de ser quebrado pela marreta da ciência moderna.
Deveriam então os próprios teosofistas ser considerados pelos cristãos como seus inimigos, porque crêem que o cristianismo ortodoxo é em tudo oposto à religião de Jesus; e porque têm a coragem de dizer às igrejas que elas são traidoras do MESTRE que elas pretendem venerar e servir? Longe disso, de fato. Os teosofistas sabem que o mesmo espírito que animava as palavras de Jesus existe em estado latente no coração dos cristãos, como existe naturalmente no coração de todos os homens. A sua doutrina fundamental é a Fraternidade Humana, cuja realização última só é possibilitada por aquilo que era conhecido muito tempo antes de Jesus como “o espírito de Cristo”. Mesmo agora este espírito está potencialmente presente em todos os homens e se tornará ativo quando os seres humanos não forem mais impedidos de se compreenderem, de se apreciarem e de simpatizarem entre si pelas barre iras da luta e do ódio, erguidas pelos sacerdotes e pelos príncipes.
Sabemos que os cristãos, nas suas vidas, se elevam frequentemente acima do cristianismo. Todas as Igrejas têm numerosos homens e mulheres nobres, virtuosos e com espírito de sacrifício, desejosos de fazer o bem durante suas vidas, segundo o seu grau de compreensão e as oportunidades que encontram, e que estão plenos de aspiração por coisas mais elevadas que as da terra - sendo seguidores de Jesus apesar do cristianismo.
Por indivíduos como estes os teosofistas sentem a mais profunda simpatia; porque só um teosofista, ou então uma pessoa que tenha a delicada sensibilidade e o grande saber teológico de Sua Graça, pode apreciar adequadamente as dificuldades horríveis contra as quais a frágil planta da religiosidade natural deve lutar, quando afunda com esforço suas raízes no solo estéril da nossa civilização cristã, e tenta florir na atmosfera fria e árida da teologia. Como deve ser difícil, por exemplo, “amar” um Deus como aquele que é descrito numa bem conhecida passagem de Herbert Spencer:
“A crueldade de um deus Fidjiano que, representado como devorador das almas dos mortos e, pode supor-se, torturando-as enquanto as engole, é pouca coisa se comparada à crueldade de um deus que condena os homens a torturas eternas.… Atribuir aos descendentes de Adão, durante centenas de gerações, castigos horríveis por uma pequena transgressão que eles não cometeram; a condenação de todos os homens que não têm a possibilidade de recorrer a um pretenso método de obter o perdão, e do qual a maior parte dos homens nunca ouviu falar, e a reconciliação efetuada pelo sacrifício de um filho perfeitamente inocente, para satisfazer a suposta necessidade de uma vítima propiciatória, são modos de ação que, se fossem atribuídos a um dirigente humano, provocariam horror.”[2]
Sua Graça dirá, sem dúvida, que Jesus nunca ensinou que se deveria adorar um deus como este. Nós, teosofistas, dizemos o mesmo. Contudo este deus é o deus cuja adoração é oficialmente pregada na Catedral de Cantuária, por você mesmo, Senhor Primaz da Inglaterra; e Sua Graça concordará seguramente conosco em que deve existir de fato uma centelha divina de intuição religiosa no coração dos homens, que os capacita a resistir tão bem quanto resistem à ação mortal de uma teologia venenosa como esta.
Se Sua Graça dirigir o olhar à sua volta, verá desde a sua elevada posição uma civilização cristã em que uma luta frenética e sem trégua do homem contra o homem é, não só a característica que a distingue, mas também um princípio reconhecido. É um axioma científico e econômico bem estabelecido em nossos dias que todo progresso é conseguido através da luta pela vida e sobrevivência do mais apto; e os mais aptos a sobreviver nesta civilização cristã não são os que possuem as qualidades reconhecidas pela moralidade de todos os tempos como sendo as melhores - não são os generosos, os piedosos, os nobres de coração, capazes de perdoar, humildes, fiéis, honestos e bons - mas sim aqueles que são mais fortes em egoísmo, astúcia, hipocrisia, em força bruta, fingimento, falta de escrúpulos, crueldade e avareza.
Os indivíduos espirituais e os altruístas são “os fracos”, a quem as “leis” que governam o universo dão como alimento aos egoístas e aos materialistas - “os fortes”. A “lei do mais forte” é a única conclusão legítima, a última palavra da ética do século 19, pois o mundo tornou-se um grande campo de batalha no qual os “mais aptos” descem como abutres para arrancar os olhos e o coração dos que caíram durante o combate. Será que a religião faz cessar a batalha? As igrejas espantam os abutres, ou reconfortam os feridos e os moribundos? Hoje a religião no mundo em geral não pesa mais que uma pluma, quando as vantagens terrestres ou os prazeres egoístas são colocados no outro prato da balança; e as igrejas não têm o poder de revivificar o sentimento religioso entre os homens, porque as suas ideias, o seu conhecimento, os seus métodos e os seus argume ntos são os da Idade das Trevas. Senhor Primaz, o seu cristianismo é o de quinhentos anos antes da nossa época.
Enquanto os homens discutiam para saber se este deus ou aquele outro era o verdadeiro deus, ou se a alma ia para este ou aquele lugar depois da morte, vocês, do clero, compreendiam a pergunta e tinham argumentos prontos para influenciar a opinião – pelo silogismo ou pela tortura, conforme fosse o caso. Mas agora é a própria existência de qualquer ser semelhante a Deus, ou de qualquer espécie de espírito imortal, que é questionada ou negada. A ciência inventa novas teorias sobre o Universo que ignoram com desprezo a existência de qualquer deus; os moralistas concebem teorias relativas à ética e à vida social nas quais a não-existência de uma vida futura é considerada como uma premissa; em física, em psicologia, em direito, em medicina, a única coisa necessária para assegurar o sucesso de um professor é que a exposição das suas ideias não contenha nenhuma alusão à Providênc ia, ou à alma. O mundo é conduzido rapidamente à convicção de que deus é uma concepção mítica, que não tem de fato nenhum fundamento, e nenhum lugar na Natureza; e que a parte imortal do homem é o sonho estúpido de selvagens ignorantes, perpetuado pelas mentiras e pelos embustes dos padres, que fazem uma ampla colheita cultivando nos homens o temor de que as suas almas imaginárias sejam torturadas, por toda a eternidade, pelo seu Deus mítico, num Inferno que só existe em fábulas. Diante de tudo isto, o clero permanece, atualmente, silencioso e impotente. A única resposta que a Igreja sabia dar a “objeções” como estas era a tortura e a fogueira; mas agora ela não pode servir-se deste sistema de argumentação.
É certo que se o Deus e a alma descritos pelas igrejas são entidades imaginárias, então a salvação e a danação cristãs são puras ilusões da mente, produzidas em grande escala pelo processo hipnótico de afirmação e de sugestão, agindo cumulativamente sobre gerações de dóceis “histéricos”. Que resposta você dá a uma tal teoria da religião cristã, além da repetição de afirmativas e sugestões? Que modo tem você de reconduzir os homens às suas antigas crenças, além de fazer reviver os seus velhos hábitos? “Construam mais igrejas, rezem mais orações, fundem mais missões e a sua fé na condenação e na salvação será reanimada e uma nova crença em Deus e na alma será o resultado inevitável”. Tal é a política das igrejas. É a sua única resposta ao agnosticismo e ao materialismo. Mas sua Graça deve saber que responder aos ataques da ciência e da crítica m odernas com armas como a afirmação e o hábito é como atacar metralhadoras usando bumerangues e escudos de couro. No entanto, enquanto o progresso das ideias e o aumento do conhecimento arruínam a teologia popular, cada descoberta da ciência e cada nova concepção do pensamento europeu avançado aproximam o espírito do século 19 das ideias do Divino e do Espiritual, conhecidos de todas as religiões esotéricas e da teosofia.
A Igreja alega que o cristianismo é a única religião verdadeira, e esta pretensão implica duas afirmações diferentes, a saber, que o cristianismo é uma religião verdadeira, e que não há religião verdadeira exceto o cristianismo. Parece que nunca passa pela cabeça dos cristãos a ideia de que Deus e o Espírito possam existir de qualquer forma diferente da que é apresentada nas doutrinas da igreja. O selvagem chama o missionário de ateu porque ele não transporta um ídolo na sua mala; e o missionário, por sua vez, qualifica de ateu qualquer um que não traga um fetiche no seu espírito; e nem o selvagem, nem o cristão parecem ter jamais suposto que possa existir uma concepção mais elevada que a sua em relação ao grande poder oculto que governa o Universo, e ao qual o nome “Deus” é muito mais aplicável. É difícil saber se as Igrejas tentam mais provar que o cristianismo é “verdadeiro”, ou provar que qualquer outra espécie de religião é necessariamente “falsa”; as más consequências que resultam deste seu ensino são terríveis. Quando as pessoas rejeitam o dogma, elas imaginam que rejeitaram também o sentimento religioso, e concluem que a religião é algo supérfluo na vida humana – uma forma de mandar para as nuvens coisas que pertencem à terra, uma perda de energia que poderia ser usada mais eficientemente na luta pela existência. O materialismo desta época é, portanto, consequência direta da doutrina cristã segundo a qual não existe poder dirigente no Universo, nem qualquer Espírito imortal no homem, além dos que foram descritos nos dogmas cristãos. O ateu, Senhor Primaz, é o filho bastardo da Igreja.
Mas isto não é tudo. As igrejas nunca ensinaram aos homens alguma razão para serem justos, bons e sinceros, que seja mais elevada do que a esperança de uma recompensa ou o medo do castigo; e, quando eles abandonam a crença no capricho Divino e na injustiça Divina, as bases da sua moralidade ficam fragilizadas. Eles nem sequer têm uma moralidade natural à qual possam voltar conscientemente, pois o cristianismo ensinou-lhes a considerá-la como algo sem valor, alegando a perversidade natural do homem. Portanto, o interesse pessoal torna-se a única motivação da conduta, e o receio de ser descoberto, a única coisa que o afasta do vício. Assim, no que se refere à moralidade, bem como a Deus e à alma, o cristianismo empurra os homens para fora do caminho que conduz ao conhecimento, e precipita-os no abismo da incredulidade, do pessimismo e do vício. A Igreja é agora o último lugar onde os homens iriam procurar ajuda contra os males e as misérias da vida, porque eles sabem que a construção de igrejas e a repetição de ladainhas não influenciam nem os poderes da natureza nem os conselhos das nações. Eles sentem instintivamente que, desde o momento em que as Igrejas aceitaram o princípio da conveniência, elas perderam o poder de chegar ao coração dos homens, e agora elas só podem agir no plano externo, apoiando a ação do policial e do político.
A função da religião é reconfortar e encorajar a humanidade na sua luta constante contra o pecado e o sofrimento. Isto só pode ser feito apresentando à humanidade o nobre ideal de uma vida mais feliz após a morte, e de uma vida mais digna sobre a terra, o que deve ser obtido nos dois casos por um esforço consciente. O que o mundo necessita agora é de uma Igreja que lhe fale da Divindade ou Princípio Imortal no homem como algo situado pelo menos ao nível das ideias e do conhecimento dos tempos atuais. O cristianismo dogmático não é adequado para um mundo que raciocina e pensa. Só aqueles que estão dispostos a lançar-se a um estado de espírito medieval podem apreciar uma Igreja cuja função religiosa (considerada como diferente da sua função social e política) é manter Deus de bom humor enquanto os fiéis fazem o que crêem que não é aprovado por ele; cuja função é rezar para obter mudanças no clima; e, ocasionalmente, agradecer ao Todo Poderoso por haver ajudado a massacrar o inimigo. Não é de “curandeiros”, mas de guias espirituais que o mundo necessita hoje - um “clero” que lhe dê ideais tão adequados para a inteligência do nosso século como o eram o Céu e o Inferno, o Deus e o Diabo cristãos, na época de sombria ignorância e da superstição. Será que o clero cristão atende, ou pode atender, esta necessidade? A miséria, o crime, o vício, o egoísmo, a brutalidade, a falta de auto-respeito e de autocontrole que caracterizam a nossa civilização moderna unem as suas vozes num grito terrível e respondem – NÃO!
Qual o significado da reação contra o materialismo, um materialismo cujos sinais hoje enchem o ar? O significado é que o mundo está mortalmente cansado do dogmatismo, da arrogância, da auto-suficiência e da cegueira espiritual da ciência moderna, dessa mesma ciência moderna que os homens ainda ontem saudavam como a sua libertadora do fanatismo religioso e da superstição cristã, mas que, assim como o Diabo das lendas sacerdotais, reclama, como recompensa pelos seus serviços, o sacrifício da alma imortal do homem. E, enquanto isso, o que fazem as Igrejas? Elas dormem o sono pacífico obtido pelas doações e pela influência social e política, enquanto que o mundo, a carne e o diabo se apropriam dos seus segredos, dos seus milagres, dos seus argumentos e da sua fé cega.
Os espíritas - ó Igrejas de Cristo! - roubaram o fogo dos seus altares para iluminar as suas salas de sessões mediúnicas. Os salvacionistas pegaram o seu vinho sacramental e se embriagam espiritualmente nas ruas; o infiel roubou as armas com as quais vocês o venceram em outros tempos, e diz a vocês triunfantemente: “O que vocês afirmam, já foi dito muitas vezes antes”. Teve o clero alguma vez uma oportunidade tão esplêndida? As uvas da vinha estão maduras, e só faltam os trabalhadores eficazes para a colheita. Se vocês dessem ao mundo alguma prova, situada no padrão intelectual do que é verificável, de que a Divindade - o Espírito imortal no homem - tem uma existência real como fato da Natureza, será que os homens não os saudariam como salvadores que os libertaram do pessimismo e do desespero, do pensamento enlouquecedor e brutalizante de que não há para o homem outro d estino a não ser um vazio eterno, após alguns breves anos de duras fadigas e sofrimentos? Como seus salvadores de uma luta assustadora pela satisfação material e pelas vantagens do mundo, consequência direta da crença de que esta vida mortal é o começo e o fim da existência?
Mas as Igrejas não possuem nem o conhecimento nem a fé necessários para salvar o mundo, e a sua Igreja, Senhor Primaz, talvez ainda menos que as outras, porque está com a pesada carga de oito milhões de libras por ano à volta do pescoço. Vocês tentam em vão tornar o navio mais leve, lançando pela borda, como lastro, as doutrinas que os seus antepassados consideravam vitais ao cristianismo. O que mais pode fazer agora a sua Igreja, exceto fugir da tempestade com os mastros desguarnecidos, enquanto o clero tenta, debilmente, tapar os buracos do casco com a “versão revisada” da Bíblia, e procura impedir que o navio naufrague com a sua pesada carga social e política, levando para o fundo do mar a sua carga de dogmas e de doações?
Quem construiu a catedral de Cantuária, Senhor Primaz? Quem inventou e deu vida à grande organização eclesiástica que torna possível a existência de um Arcebispo de Cantuária? Quem estabeleceu as bases de um vasto sistema de impostos religiosos que lhe dá quinze mil libras por ano e um palácio? Quem instituiu os rituais e as cerimônias, as orações e as litanias que, ligeiramente alteradas e despojadas de arte e ornamento, fazem a liturgia da Igreja da Inglaterra? Quem extorquiu ao povo os orgulhosos títulos de “divino reverendo” e “Homem de Deus”, dos quais o clero da sua Igreja se apropria com tamanha confiança? Quem, de fato, exceto a Igreja de Roma? Falamos sem espírito de inimizade. A teosofia viu a ascensão e a queda de muitas crenças, e estará presente ao nascimento e à morte de muitas outras. Sabemos que a vida das religiões está sujeita à lei. Se vocês receber am uma herança legítima de Roma, ou tomaram posse pela violência, é uma questão que vocês devem decidir com os seus inimigos e com a sua consciência; a atitude mental frente à sua Igreja é determinada pelo seu valor intrínseco. Sabemos que se ela for incapaz de desempenhar a verdadeira função espiritual de uma religião será certamente exterminada, mesmo que o erro se encontre mais nas suas tendências hereditárias, ou no que a rodeia, do que em si mesma.
A Igreja da Inglaterra, para usar uma comparação simples, é como um trem que prossegue a sua marcha graças à velocidade adquirida antes de o vapor ter sido cortado. Depois de ter deixado a linha principal, encontra-se num desvio que não leva a lugar algum. O trem está agora quase parado, e muitos dos seus passageiros o trocaram por outros meios de transporte. Os restantes estão, na maioria, conscientes de que durante este tempo só podiam contar com o pouco vapor que restou na caldeira depois que os fogos de Roma foram retirados. Eles suspeitam que, neste momento, talvez já estejam apenas brincando de andar de trem; mas o maquinista continua a assobiar, o controlador prossegue a sua inspeção, examinado os bilhetes, os freios foram acionados como antes e, convenhamos, não é uma brincadeira desagradável. As carruagens estão aquecidas e confortáveis e o dia é frio, e, desde que recebam g orjetas, os empregados da companhia são muito obsequiosos. Mas aqueles que sabem para onde querem ir não estão assim tão contentes.
Durante vários séculos, a Igreja da Inglaterra conseguiu a difícil proeza de navegar em duas canoas ao mesmo tempo, dizendo aos católicos romanos: “Raciocinem!” e aos céticos: “Tenham Fé!” Foi regulando constantemente as forças desta atitude de duas caras que ela pôde permanecer durante tanto tempo em cima do muro. Mas agora, o próprio muro está caindo. A supressão das doações e a separação entre Igreja e Estado pairam no ar. E o que a sua Igreja invoca a seu favor? A sua utilidade. É útil ter muitos homens instruídos, morais, não-mundanos, espalhados por todo o país, impedindo o mundo de esquecer completamente a ideia de religião, e agindo como centros de ação benfeitora. Mas a questão agora já não é a de repetir orações e dar esmola aos pobres, como era há quinhentos anos atrás. As pessoas tornaram-se maiores de idade, e tomaram nas mãos o seu pensa mento e a direção dos seus assuntos sociais, individuais e até mesmo espirituais, porque descobriram que o clero não sabe mais do que elas mesmas sobre as “coisas do Céu”.
Mas a Igreja da Inglaterra, diz-se, tornou-se tão liberal que todos devem apoiá-la. Realmente, pode-se fazer uma excelente imitação da missa, ou ser um virtual Unitário, e ainda fazer parte do seu rebanho. Esta bela tolerância, no entanto, significa apenas que a Igreja achou necessário tornar-se um vasto campo comum, em que cada um pode armar a sua própria tenda e agir como lhe aprouver, desde que participe na manutenção dos benefícios. A tolerância e a liberalidade são contrárias às leis da existência de qualquer igreja que crê na condenação divina, e a sua aparição na Igreja da Inglaterra não é um sinal de vida renovada, mas antes da chegada da desagregação. Não menos ilusória é a energia manifestada pela Igreja na construção de igrejas. Se isto fosse um critério de medição do espírito religioso, que piedosa época seria a nossa! Nunca o dogma esteve tão bem aloj ado, embora os seres humanos sejam obrigados a dormir aos milhares nas ruas, e morram literalmente de fome à sombra das suas majestosas catedrais, construídas em nome d´Aquele que não tinha onde repousar a Sua cabeça. Terá Jesus dito a você, Sua Graça, que a religião não se encontra no coração dos homens, e sim nos templos feitos pelas mãos? Vocês não podem converter sua piedade em pedra e utilizá-la nas suas vidas; e a história mostra que a petrificação do sentimento religioso é uma doença tão mortal como a ossificação do coração. No entanto, ainda que as igrejas fossem multiplicadas por cem, e que cada pastor se tornasse um centro de filantropia, isso iria apenas produzir o trabalho que os pobres esperam dos seus semelhantes, mas não dos seus líderes espirituais - em lugar daquilo que eles pedem e não conseguem obter. Isso só colocaria em maior destaque a esterilidade espiritual da Igreja e das suas doutrinas.
Aproxima-se o tempo em que o clero terá de prestar contas das suas ações. Você está pronto, Senhor Primaz, a explicar ao SEU MESTRE por que tem dado pedras aos Seus Filhos, quando eles lhe suplicavam por pão? Você sorri na sua imaginária segurança. Os servidores fizeram festas durante tanto tempo nos aposentos interiores da casa do Senhor, que pensavam que Ele certamente nunca voltaria. Mas Ele disse que Ele viria como um ladrão durante a noite; e eis! Ele está chegando já no coração dos homens. Ele está vindo para tomar posse do reino de Seu Pai no único lugar em Seu reino existe. Mas vocês não O conhecem! Se as próprias Igrejas não estivessem sendo carregadas pela onda de negação e de materialismo que dominou a sociedade, elas reconheceriam o germe do espírito do Cristo crescendo com rapidez no coração de milhares de seres, a quem agora classificam como infiéis e loucos. Reconheceriam neles aquele mesmo espírito de amor, sacrifício de si mesmo e piedade imensa pela ignorância, pela loucura e pelos sofrimentos do mundo, que surgiu em toda a sua pureza no coração de Jesus, assim como surgiu no coração de outros Santos Reformadores em diferentes épocas. Este espírito é a luz de toda verdadeira religião, e o archote com o qual os teosofistas de todos os tempos trataram de iluminar os seus passos, ao longo do caminho estreito que conduz à salvação – o caminho que é percorrido por toda encarnação de CHRISTOS ou o ESPÍRITO DA VERDADE.
E agora, Senhor Primaz, expusemos muito respeitosamente a você os pontos principais de divergência e desacordo que existem entre a teosofia e as igrejas cristãs, e mostramos a unidade entre a teosofia e os ensinamentos de Jesus.
Você viu a nossa profissão de fé, e conheceu quais são os nossos protestos e as nossas queixas contra o cristianismo dogmático. Nós, um punhado de indivíduos humildes, que não possuímos riquezas materiais nem influência sobre o mundo, mas somos fortes no nosso conhecimento, estamos unidos na esperança de cumprir a tarefa que você diz que lhe foi confiada pelo seu MESTRE, mas que é tão tristemente negligenciada por esse colosso opulento e dominador – a Igreja Cristã.
Nós nos perguntamos se você chamará isso de presunção. Será que, nesta terra de liberdade de pensamento, de palavra e de ação, você não nos responderá exceto pelo anátema habitual que a Igreja reserva para todo reformador? Ou podemos esperar que as amargas lições da experiência, obtidas no passado pelas Igrejas devido a esta política, terão mudado o coração e iluminado o espírito dos seus dirigentes; e que o próximo ano, de 1888, verá os cristãos estender-nos a mão com toda a simpatia e boa-vontade? Isso seria apenas o reconhecimento de que o grupo relativamente pequeno chamado de Sociedade Teosófica não é pioneiro do Anti-Cristo, nem fruto do Maldoso, mas, o ajudante prático, talvez o salvador da Cristandade, e que só está se esforçando por fazer a obra que Jesus - assim como Buddha e os outros “filhos de Deus” que o precederam - recomendou a todos os seus seguido res que realizassem, mas que as Igrejas, tendo-se tornado dogmáticas, são inteiramente incapazes de fazer.
E agora, se Sua Graça puder provar que somos injustos em relação à Igreja da qual você é o Chefe, ou em relação à teologia popular, prometemos reconhecer publicamente nosso erro. Contudo - “QUEM CALA CONSENTE”.
NOTAS:
[1] Marcos, 4:11; Mateus, 13:11; Lucas, 8:10.
[2] “Religion: A Retrospect and Prospect,” in the Nineteenth Century, Vol. XV, número 83, Janeiro 1884.
Uma Carta Aberta ao Arcebispo de Cantuária
Helena P. Blavatsky
Nota dos Editores:
Durante séculos, o Vaticano promoveu a tortura e a morte no fogo de centenas de milhares de pessoas inocentes. A desculpa era “Lúcifer”, o inimigo imaginário de um deus medieval sedento de sangue. A palavra
“Lúcifer”, porém, é muito anterior ao cristianismo e significa “portador da luz”. O termo designa o planeta Vênus, a “estrela da manhã”, que anuncia o nascer do sol. A palavra foi distorcida pelos teólogos medievais, quando eles decidiram fabricar um “inimigo terrível” para justificar o uso sistemático do assassinato em nome de Deus. Em Londres, na etapa final da sua vida, Helena P. Blavatsky fundou uma revista e chamou-a de “Lúcifer”. H.P.B. queria resgatar da fraude teológica este termo pré-cristão da sabedoria universal. Foi em “Lúcifer”, na edição de dezembro de 1887, que apareceu pela primeira vez o artigo a seguir, uma carta aberta ao Arcebispo de Cantuária. Seu título original é “Lucifer to the Archbishop of Canterbury, Greeting!” (“Saudações de Lúcifer ao Arcebispo de Cantuária!”). A cidade de Cantuária (em inglês,
Canterbury) está situada no sudeste da Inglaterra e constitui o principal centro religioso do país. Ali vive tradicionalmente o arcebispo que lidera a Igreja Anglicana. Cabe registrar ainda que a Sociedade Teosófica
original não existe mais. Ela deu lugar a um movimento amplo e marcado pela diversidade de organizações. Portanto, no texto a seguir, onde se lê “Sociedade Teosófica”, deve-se ler “Movimento Teosófico”.
Senhor Primaz de toda a Inglaterra:
Fazemos uso de uma carta aberta a Sua Graça para transmitir a você e para fazer chegar através de você aos membros do clero, às suas ovelhas e a todos os cristãos em geral – que nos consideram como inimigos de Cristo – uma breve descrição da posição da teosofia em relação ao cristianismo, pois pensamos que chegou o momento de fazer isso.
Sua Graça é sem dúvida consciente de que a teosofia não é uma religião, mas uma filosofia ao mesmo tempo religiosa e científica; e que a principal tarefa da Sociedade Teosófica até agora tem sido fazer reviver em cada religião o seu espírito próprio que a anima, ao encorajar e ajudar o estudo do verdadeiro significado das suas doutrinas e das suas práticas. Os teosofistas sabem que quanto mais profundamente se avança na compreensão das doutrinas e das cerimônias de todas as religiões, maior e mais aparente se torna a sua semelhança básica, até que, por fim, se chega à percepção da sua unidade fundamental. Este terreno comum é a teosofia – a Doutrina Secreta de todas as épocas; que, diluída e disfarçada para se adaptar à percepção das multidões e às exigências de cada época, constitui a essência viva de todas as religiões. A Sociedade Teosófica tem lojas compo stas por budistas, hindus, maometanos, parses, cristãos e livre-pensadores, que trabalham como irmãos no terreno comum da teosofia. E é precisamente porque a teosofia não é uma religião, nem pode cumprir o papel de uma religião para as multidões, que o sucesso desta Sociedade foi tão grande, não apenas em relação ao número crescente dos seus membros e à sua influência cada vez maior, mas também no que se refere à realização do seu trabalho - o resgate da espiritualidade na religião, e o cultivo do sentimento de FRATERNIDADE entre os homens.
Nós, teosofistas, cremos que a religião é um incidente natural na vida do homem, no seu estágio atual de desenvolvimento; e que embora em casos raros os indivíduos possam nascer sem o sentimento religioso, uma comunidade deve ter uma religião, isto é, um laço de união – sob pena de cair na decadência social e na aniquilação material. Acreditamos que nenhuma doutrina religiosa pode ser mais que uma tentativa de descrever - para a nossa limitada capacidade atual de compreensão e nos termos das nossas experiências terrestres - grandes verdades cósmicas e espirituais que, no estado normal de consciência, sentimos vagamente, mais do que realmente percebemos e compreendemos; e uma revelação, para que possa revelar alguma coisa, deve necessariamente adequar-se às mesmas exigências do intelecto humano.
Na nossa avaliação, portanto, nenhuma religião pode ser absolutamente verdadeira, e nenhuma pode ser absolutamente falsa. Uma religião é verdadeira na medida em que atende as necessidades espirituais, morais e intelectuais da sua época, e ajuda o desenvolvimento da humanidade nestas áreas. Ela é falsa na medida em que bloqueia este desenvolvimento e prejudica a parte espiritual, moral e intelectual da natureza do homem. E as ideias transcendentemente espirituais sobre os poderes dirigentes do universo, adotadas por um sábio do Oriente, seriam para um selvagem africano uma religião tão falsa quanto o fetichismo inferior deste selvagem seria para aquele sábio, embora os dois pontos de vista devam necessariamente ser verdadeiros, em certa medida, porque ambos representam as mais elevadas ideias que estes indivíduos podem respectivamente conceber a respeito destes fatos cósmico-espirituais . Tais fatos jamais podem ser conhecidos na sua realidade pelo homem, enquanto ele for apenas um homem.
Os teosofistas, portanto, respeitam todas as religiões e têm uma profunda admiração pela ética religiosa de Jesus. E não poderia ser de outro modo, pois estes ensinamentos que chegaram até nós são os mesmos que os da teosofia. Na medida, pois, em que o cristianismo moderno se conduz de acordo com a sua afirmação de que é a religiãoprática ensinada por Jesus, os teosofistas estão com ele de todo o coração. A partir do momento em que age contra esta ética, pura e simples, os teosofistas tornam-se seus opositores. Qualquer cristão pode, se quiser, comparar o Sermão da Montanha com os dogmas da sua igreja e o espírito que respira nela, e com os princípios que guiam esta civilização cristã e governam a sua própria vida; e então estará em condições de julgar por si mesmo até que ponto a religião de Jesus está presente em seu cristianismo, e até que ponto, co nsequentemente, ele e os teosofistas estão de acordo. Mas os cristãos declarados, e especialmente o clero, evitam fazer esta comparação. Como comerciantes que temem ir à falência, eles parecem ter receio de encontrar na sua contabilidade um saldo negativo que não poderia ser compensado contabilizando bens materiais em lugar de bens espirituais. A comparação entre os ensinamentos de Jesus e as doutrinas das igrejas foi, todavia, feita frequentemente - e muitas vezes com um grande conhecimento e uma perspicácia decisiva - tanto por aqueles que queriam abolir o cristianismo, quanto pelos que queriam reformá-lo; e o resultado total destas comparações, como Sua Graça deve saber, prova que em quase todos os pontos as doutrinas das igrejas e o modo de agir dos cristãos estão em contradição direta com os ensinamentos de Jesus.
Temos o costume de dizer aos budistas, aos maometanos, aos hindus ou aos parses: “O caminho que conduz à teosofia passa por vocês mesmos, por sua própria religião”. Dizemos isto porque as suas crenças possuem um significado profundamente filosófico e esotérico, que explica as alegorias sob as quais são apresentadas ao povo. Mas não podemos dizer a mesma coisa aos cristãos.
Os sucessores dos Apóstolos nunca registraram por escrito a doutrina secreta de Jesus - os “mistérios do reino dos céus” -, que foi dada a conhecer apenas a eles (seus apóstolos) [1]. Estes mistérios foram suprimidos, afastados, destruídos. O que nos chegou através do tempo são os preceitos, as parábolas, as alegorias e as fábulas que Jesus destinou expressamente aos espiritualmente surdos e cegos, e que deveriam ser reveladas mais tarde para o mundo, e que o cristianismo moderno ora as toma na íntegra, literalmente, ora as interpreta segundo a fantasia dos Padres da igreja secular. Em ambos os casos, elas são como flores cortadas: estão separadas da planta em que cresceram e da raiz de que esta planta tirou sua vida. Portanto, se fôssemos encorajar os cristãos, como fazemos com os fiéis de outras crenças, a estudarem por si mesmos a sua própria relig ião, a consequência seria não um conhecimento do significado dos seus mistérios, mas o redespertar da superstição e da intolerância medievais, acompanhado de uma formidável explosão de preces e sermões ditos apenas da boca para fora - tal como o que resultou na formação de 239 seitas protestantes, apenas na Inglaterra - ou, alternativamente, um grande aumento do ceticismo, pois o cristianismo não tem uma base esotérica conhecida pelos que o seguem. Porque mesmo você, Senhor Primaz da Inglaterra, deve estar dolorosamente consciente do fato de que não sabe absolutamente nada sobre os “mistérios do reino dos céus” ensinados por Jesus aos seus discípulos - que não seja conhecido pelo membro mais humilde e mais iletrado da sua Igreja.
Portanto, é facilmente compreensível que os teosofistas nada têm a dizer contra a política da Igreja Católica Romana de proibir, e a política das igrejas protestantes de desencorajar, qualquer investigação individual sobre o significado dos dogmas “cristãos” que seja correspondente ao estudo esotérico das outras religiões. Com as suas ideias e conhecimentos atuais, os cristãos não têm condições de empreender um exame crítico da sua fé com uma perspectiva de bons resultados. O seu efeito inevitável seria paralisar, ao invés de estimular, os sentimentos religiosos adormecidos; porque os estudos críticos da Bíblia e a mitologia comparada provaram de uma forma conclusiva - pelo menos, para aqueles que não têm interesse pessoal, espiritual ou temporal, na manutenção da ortodoxia -, que a religião cristã, tal como existe agora, é composta de cascas externas do judaísmo, co m retalhos do paganismo e restos mal digeridos de gnosticismo e neoplatonismo.
Este curioso conglomerado que se formou gradualmente à volta do registro das palavras ditas por Jesus começou agora, eras mais tarde, a desintegrar- se e a desagregar-se, separando-se das jóias puras e preciosas da verdade teosófica que durante tanto tempo ele encobriu e escondeu, mas que nunca puderam ser desfiguradas ou destruídas. A teosofia não só resgata estas jóias preciosas do destino que ameaça o lixo ao qual estiveram tanto tempo misturadas. Ela também salva o próprio lixo de uma condenação completa; porque ela mostra que o resultado do exame crítico da Bíblia está longe de ser a análise última do cristianismo, uma vez que cada um dos pedaços que compõem os curiosos mosaicos das Igrejas pertenceu, em algum momento, a uma religião que tinha um significado esotérico. Só quando estes pedaços forem recolocados nos lugares que ocupavam originalmente poderá ser percebido o significado real das doutrinas do cristianismo. Para fazer tudo isto, contudo, é necessário um conhecimento da Doutrina Secreta tal como ela existe nas bases esotéricas de outras religiões; e o clero não possui este conhecimento, pois a Igreja escondeu as suas chaves, e depois as perdeu.
Sua Graça compreenderá agora por que motivo a Sociedade Teosófica tem como um dos seus três “objetivos” o estudo das religiões e filosofias orientais, que lançam esta luz sobre o sentido oculto do cristianismo; e compreenderá também, segundo esperamos, que, ao fazê-lo, não agimos como inimigos, mas como amigos da religião ensinada por Jesus – o verdadeiro cristianismo, na realidade. Porque é só através do estudo destas religiões e filosofias que os cristãos poderão chegar em algum momento à compreensão das suas próprias crenças, ou descobrir o sentido oculto das parábolas e das alegorias ditas pelo Nazareno aos paralíticos espirituais da Judeia. Ao considerá-las como fatos literais ou como fantasia, as igrejas colocaram os seus próprios ensinamentos no ridículo e fizeram com que eles fossem desprezados, levando o cristianismo a um sério perigo de um colapso completo, debilitado como ele está pelos estudos históricos críticos e pelas pesquisas mitológicas, além de ser quebrado pela marreta da ciência moderna.
Deveriam então os próprios teosofistas ser considerados pelos cristãos como seus inimigos, porque crêem que o cristianismo ortodoxo é em tudo oposto à religião de Jesus; e porque têm a coragem de dizer às igrejas que elas são traidoras do MESTRE que elas pretendem venerar e servir? Longe disso, de fato. Os teosofistas sabem que o mesmo espírito que animava as palavras de Jesus existe em estado latente no coração dos cristãos, como existe naturalmente no coração de todos os homens. A sua doutrina fundamental é a Fraternidade Humana, cuja realização última só é possibilitada por aquilo que era conhecido muito tempo antes de Jesus como “o espírito de Cristo”. Mesmo agora este espírito está potencialmente presente em todos os homens e se tornará ativo quando os seres humanos não forem mais impedidos de se compreenderem, de se apreciarem e de simpatizarem entre si pelas barre iras da luta e do ódio, erguidas pelos sacerdotes e pelos príncipes.
Sabemos que os cristãos, nas suas vidas, se elevam frequentemente acima do cristianismo. Todas as Igrejas têm numerosos homens e mulheres nobres, virtuosos e com espírito de sacrifício, desejosos de fazer o bem durante suas vidas, segundo o seu grau de compreensão e as oportunidades que encontram, e que estão plenos de aspiração por coisas mais elevadas que as da terra - sendo seguidores de Jesus apesar do cristianismo.
Por indivíduos como estes os teosofistas sentem a mais profunda simpatia; porque só um teosofista, ou então uma pessoa que tenha a delicada sensibilidade e o grande saber teológico de Sua Graça, pode apreciar adequadamente as dificuldades horríveis contra as quais a frágil planta da religiosidade natural deve lutar, quando afunda com esforço suas raízes no solo estéril da nossa civilização cristã, e tenta florir na atmosfera fria e árida da teologia. Como deve ser difícil, por exemplo, “amar” um Deus como aquele que é descrito numa bem conhecida passagem de Herbert Spencer:
“A crueldade de um deus Fidjiano que, representado como devorador das almas dos mortos e, pode supor-se, torturando-as enquanto as engole, é pouca coisa se comparada à crueldade de um deus que condena os homens a torturas eternas.… Atribuir aos descendentes de Adão, durante centenas de gerações, castigos horríveis por uma pequena transgressão que eles não cometeram; a condenação de todos os homens que não têm a possibilidade de recorrer a um pretenso método de obter o perdão, e do qual a maior parte dos homens nunca ouviu falar, e a reconciliação efetuada pelo sacrifício de um filho perfeitamente inocente, para satisfazer a suposta necessidade de uma vítima propiciatória, são modos de ação que, se fossem atribuídos a um dirigente humano, provocariam horror.”[2]
Sua Graça dirá, sem dúvida, que Jesus nunca ensinou que se deveria adorar um deus como este. Nós, teosofistas, dizemos o mesmo. Contudo este deus é o deus cuja adoração é oficialmente pregada na Catedral de Cantuária, por você mesmo, Senhor Primaz da Inglaterra; e Sua Graça concordará seguramente conosco em que deve existir de fato uma centelha divina de intuição religiosa no coração dos homens, que os capacita a resistir tão bem quanto resistem à ação mortal de uma teologia venenosa como esta.
Se Sua Graça dirigir o olhar à sua volta, verá desde a sua elevada posição uma civilização cristã em que uma luta frenética e sem trégua do homem contra o homem é, não só a característica que a distingue, mas também um princípio reconhecido. É um axioma científico e econômico bem estabelecido em nossos dias que todo progresso é conseguido através da luta pela vida e sobrevivência do mais apto; e os mais aptos a sobreviver nesta civilização cristã não são os que possuem as qualidades reconhecidas pela moralidade de todos os tempos como sendo as melhores - não são os generosos, os piedosos, os nobres de coração, capazes de perdoar, humildes, fiéis, honestos e bons - mas sim aqueles que são mais fortes em egoísmo, astúcia, hipocrisia, em força bruta, fingimento, falta de escrúpulos, crueldade e avareza.
Os indivíduos espirituais e os altruístas são “os fracos”, a quem as “leis” que governam o universo dão como alimento aos egoístas e aos materialistas - “os fortes”. A “lei do mais forte” é a única conclusão legítima, a última palavra da ética do século 19, pois o mundo tornou-se um grande campo de batalha no qual os “mais aptos” descem como abutres para arrancar os olhos e o coração dos que caíram durante o combate. Será que a religião faz cessar a batalha? As igrejas espantam os abutres, ou reconfortam os feridos e os moribundos? Hoje a religião no mundo em geral não pesa mais que uma pluma, quando as vantagens terrestres ou os prazeres egoístas são colocados no outro prato da balança; e as igrejas não têm o poder de revivificar o sentimento religioso entre os homens, porque as suas ideias, o seu conhecimento, os seus métodos e os seus argume ntos são os da Idade das Trevas. Senhor Primaz, o seu cristianismo é o de quinhentos anos antes da nossa época.
Enquanto os homens discutiam para saber se este deus ou aquele outro era o verdadeiro deus, ou se a alma ia para este ou aquele lugar depois da morte, vocês, do clero, compreendiam a pergunta e tinham argumentos prontos para influenciar a opinião – pelo silogismo ou pela tortura, conforme fosse o caso. Mas agora é a própria existência de qualquer ser semelhante a Deus, ou de qualquer espécie de espírito imortal, que é questionada ou negada. A ciência inventa novas teorias sobre o Universo que ignoram com desprezo a existência de qualquer deus; os moralistas concebem teorias relativas à ética e à vida social nas quais a não-existência de uma vida futura é considerada como uma premissa; em física, em psicologia, em direito, em medicina, a única coisa necessária para assegurar o sucesso de um professor é que a exposição das suas ideias não contenha nenhuma alusão à Providênc ia, ou à alma. O mundo é conduzido rapidamente à convicção de que deus é uma concepção mítica, que não tem de fato nenhum fundamento, e nenhum lugar na Natureza; e que a parte imortal do homem é o sonho estúpido de selvagens ignorantes, perpetuado pelas mentiras e pelos embustes dos padres, que fazem uma ampla colheita cultivando nos homens o temor de que as suas almas imaginárias sejam torturadas, por toda a eternidade, pelo seu Deus mítico, num Inferno que só existe em fábulas. Diante de tudo isto, o clero permanece, atualmente, silencioso e impotente. A única resposta que a Igreja sabia dar a “objeções” como estas era a tortura e a fogueira; mas agora ela não pode servir-se deste sistema de argumentação.
É certo que se o Deus e a alma descritos pelas igrejas são entidades imaginárias, então a salvação e a danação cristãs são puras ilusões da mente, produzidas em grande escala pelo processo hipnótico de afirmação e de sugestão, agindo cumulativamente sobre gerações de dóceis “histéricos”. Que resposta você dá a uma tal teoria da religião cristã, além da repetição de afirmativas e sugestões? Que modo tem você de reconduzir os homens às suas antigas crenças, além de fazer reviver os seus velhos hábitos? “Construam mais igrejas, rezem mais orações, fundem mais missões e a sua fé na condenação e na salvação será reanimada e uma nova crença em Deus e na alma será o resultado inevitável”. Tal é a política das igrejas. É a sua única resposta ao agnosticismo e ao materialismo. Mas sua Graça deve saber que responder aos ataques da ciência e da crítica m odernas com armas como a afirmação e o hábito é como atacar metralhadoras usando bumerangues e escudos de couro. No entanto, enquanto o progresso das ideias e o aumento do conhecimento arruínam a teologia popular, cada descoberta da ciência e cada nova concepção do pensamento europeu avançado aproximam o espírito do século 19 das ideias do Divino e do Espiritual, conhecidos de todas as religiões esotéricas e da teosofia.
A Igreja alega que o cristianismo é a única religião verdadeira, e esta pretensão implica duas afirmações diferentes, a saber, que o cristianismo é uma religião verdadeira, e que não há religião verdadeira exceto o cristianismo. Parece que nunca passa pela cabeça dos cristãos a ideia de que Deus e o Espírito possam existir de qualquer forma diferente da que é apresentada nas doutrinas da igreja. O selvagem chama o missionário de ateu porque ele não transporta um ídolo na sua mala; e o missionário, por sua vez, qualifica de ateu qualquer um que não traga um fetiche no seu espírito; e nem o selvagem, nem o cristão parecem ter jamais suposto que possa existir uma concepção mais elevada que a sua em relação ao grande poder oculto que governa o Universo, e ao qual o nome “Deus” é muito mais aplicável. É difícil saber se as Igrejas tentam mais provar que o cristianismo é “verdadeiro”, ou provar que qualquer outra espécie de religião é necessariamente “falsa”; as más consequências que resultam deste seu ensino são terríveis. Quando as pessoas rejeitam o dogma, elas imaginam que rejeitaram também o sentimento religioso, e concluem que a religião é algo supérfluo na vida humana – uma forma de mandar para as nuvens coisas que pertencem à terra, uma perda de energia que poderia ser usada mais eficientemente na luta pela existência. O materialismo desta época é, portanto, consequência direta da doutrina cristã segundo a qual não existe poder dirigente no Universo, nem qualquer Espírito imortal no homem, além dos que foram descritos nos dogmas cristãos. O ateu, Senhor Primaz, é o filho bastardo da Igreja.
Mas isto não é tudo. As igrejas nunca ensinaram aos homens alguma razão para serem justos, bons e sinceros, que seja mais elevada do que a esperança de uma recompensa ou o medo do castigo; e, quando eles abandonam a crença no capricho Divino e na injustiça Divina, as bases da sua moralidade ficam fragilizadas. Eles nem sequer têm uma moralidade natural à qual possam voltar conscientemente, pois o cristianismo ensinou-lhes a considerá-la como algo sem valor, alegando a perversidade natural do homem. Portanto, o interesse pessoal torna-se a única motivação da conduta, e o receio de ser descoberto, a única coisa que o afasta do vício. Assim, no que se refere à moralidade, bem como a Deus e à alma, o cristianismo empurra os homens para fora do caminho que conduz ao conhecimento, e precipita-os no abismo da incredulidade, do pessimismo e do vício. A Igreja é agora o último lugar onde os homens iriam procurar ajuda contra os males e as misérias da vida, porque eles sabem que a construção de igrejas e a repetição de ladainhas não influenciam nem os poderes da natureza nem os conselhos das nações. Eles sentem instintivamente que, desde o momento em que as Igrejas aceitaram o princípio da conveniência, elas perderam o poder de chegar ao coração dos homens, e agora elas só podem agir no plano externo, apoiando a ação do policial e do político.
A função da religião é reconfortar e encorajar a humanidade na sua luta constante contra o pecado e o sofrimento. Isto só pode ser feito apresentando à humanidade o nobre ideal de uma vida mais feliz após a morte, e de uma vida mais digna sobre a terra, o que deve ser obtido nos dois casos por um esforço consciente. O que o mundo necessita agora é de uma Igreja que lhe fale da Divindade ou Princípio Imortal no homem como algo situado pelo menos ao nível das ideias e do conhecimento dos tempos atuais. O cristianismo dogmático não é adequado para um mundo que raciocina e pensa. Só aqueles que estão dispostos a lançar-se a um estado de espírito medieval podem apreciar uma Igreja cuja função religiosa (considerada como diferente da sua função social e política) é manter Deus de bom humor enquanto os fiéis fazem o que crêem que não é aprovado por ele; cuja função é rezar para obter mudanças no clima; e, ocasionalmente, agradecer ao Todo Poderoso por haver ajudado a massacrar o inimigo. Não é de “curandeiros”, mas de guias espirituais que o mundo necessita hoje - um “clero” que lhe dê ideais tão adequados para a inteligência do nosso século como o eram o Céu e o Inferno, o Deus e o Diabo cristãos, na época de sombria ignorância e da superstição. Será que o clero cristão atende, ou pode atender, esta necessidade? A miséria, o crime, o vício, o egoísmo, a brutalidade, a falta de auto-respeito e de autocontrole que caracterizam a nossa civilização moderna unem as suas vozes num grito terrível e respondem – NÃO!
Qual o significado da reação contra o materialismo, um materialismo cujos sinais hoje enchem o ar? O significado é que o mundo está mortalmente cansado do dogmatismo, da arrogância, da auto-suficiência e da cegueira espiritual da ciência moderna, dessa mesma ciência moderna que os homens ainda ontem saudavam como a sua libertadora do fanatismo religioso e da superstição cristã, mas que, assim como o Diabo das lendas sacerdotais, reclama, como recompensa pelos seus serviços, o sacrifício da alma imortal do homem. E, enquanto isso, o que fazem as Igrejas? Elas dormem o sono pacífico obtido pelas doações e pela influência social e política, enquanto que o mundo, a carne e o diabo se apropriam dos seus segredos, dos seus milagres, dos seus argumentos e da sua fé cega.
Os espíritas - ó Igrejas de Cristo! - roubaram o fogo dos seus altares para iluminar as suas salas de sessões mediúnicas. Os salvacionistas pegaram o seu vinho sacramental e se embriagam espiritualmente nas ruas; o infiel roubou as armas com as quais vocês o venceram em outros tempos, e diz a vocês triunfantemente: “O que vocês afirmam, já foi dito muitas vezes antes”. Teve o clero alguma vez uma oportunidade tão esplêndida? As uvas da vinha estão maduras, e só faltam os trabalhadores eficazes para a colheita. Se vocês dessem ao mundo alguma prova, situada no padrão intelectual do que é verificável, de que a Divindade - o Espírito imortal no homem - tem uma existência real como fato da Natureza, será que os homens não os saudariam como salvadores que os libertaram do pessimismo e do desespero, do pensamento enlouquecedor e brutalizante de que não há para o homem outro d estino a não ser um vazio eterno, após alguns breves anos de duras fadigas e sofrimentos? Como seus salvadores de uma luta assustadora pela satisfação material e pelas vantagens do mundo, consequência direta da crença de que esta vida mortal é o começo e o fim da existência?
Mas as Igrejas não possuem nem o conhecimento nem a fé necessários para salvar o mundo, e a sua Igreja, Senhor Primaz, talvez ainda menos que as outras, porque está com a pesada carga de oito milhões de libras por ano à volta do pescoço. Vocês tentam em vão tornar o navio mais leve, lançando pela borda, como lastro, as doutrinas que os seus antepassados consideravam vitais ao cristianismo. O que mais pode fazer agora a sua Igreja, exceto fugir da tempestade com os mastros desguarnecidos, enquanto o clero tenta, debilmente, tapar os buracos do casco com a “versão revisada” da Bíblia, e procura impedir que o navio naufrague com a sua pesada carga social e política, levando para o fundo do mar a sua carga de dogmas e de doações?
Quem construiu a catedral de Cantuária, Senhor Primaz? Quem inventou e deu vida à grande organização eclesiástica que torna possível a existência de um Arcebispo de Cantuária? Quem estabeleceu as bases de um vasto sistema de impostos religiosos que lhe dá quinze mil libras por ano e um palácio? Quem instituiu os rituais e as cerimônias, as orações e as litanias que, ligeiramente alteradas e despojadas de arte e ornamento, fazem a liturgia da Igreja da Inglaterra? Quem extorquiu ao povo os orgulhosos títulos de “divino reverendo” e “Homem de Deus”, dos quais o clero da sua Igreja se apropria com tamanha confiança? Quem, de fato, exceto a Igreja de Roma? Falamos sem espírito de inimizade. A teosofia viu a ascensão e a queda de muitas crenças, e estará presente ao nascimento e à morte de muitas outras. Sabemos que a vida das religiões está sujeita à lei. Se vocês receber am uma herança legítima de Roma, ou tomaram posse pela violência, é uma questão que vocês devem decidir com os seus inimigos e com a sua consciência; a atitude mental frente à sua Igreja é determinada pelo seu valor intrínseco. Sabemos que se ela for incapaz de desempenhar a verdadeira função espiritual de uma religião será certamente exterminada, mesmo que o erro se encontre mais nas suas tendências hereditárias, ou no que a rodeia, do que em si mesma.
A Igreja da Inglaterra, para usar uma comparação simples, é como um trem que prossegue a sua marcha graças à velocidade adquirida antes de o vapor ter sido cortado. Depois de ter deixado a linha principal, encontra-se num desvio que não leva a lugar algum. O trem está agora quase parado, e muitos dos seus passageiros o trocaram por outros meios de transporte. Os restantes estão, na maioria, conscientes de que durante este tempo só podiam contar com o pouco vapor que restou na caldeira depois que os fogos de Roma foram retirados. Eles suspeitam que, neste momento, talvez já estejam apenas brincando de andar de trem; mas o maquinista continua a assobiar, o controlador prossegue a sua inspeção, examinado os bilhetes, os freios foram acionados como antes e, convenhamos, não é uma brincadeira desagradável. As carruagens estão aquecidas e confortáveis e o dia é frio, e, desde que recebam g orjetas, os empregados da companhia são muito obsequiosos. Mas aqueles que sabem para onde querem ir não estão assim tão contentes.
Durante vários séculos, a Igreja da Inglaterra conseguiu a difícil proeza de navegar em duas canoas ao mesmo tempo, dizendo aos católicos romanos: “Raciocinem!” e aos céticos: “Tenham Fé!” Foi regulando constantemente as forças desta atitude de duas caras que ela pôde permanecer durante tanto tempo em cima do muro. Mas agora, o próprio muro está caindo. A supressão das doações e a separação entre Igreja e Estado pairam no ar. E o que a sua Igreja invoca a seu favor? A sua utilidade. É útil ter muitos homens instruídos, morais, não-mundanos, espalhados por todo o país, impedindo o mundo de esquecer completamente a ideia de religião, e agindo como centros de ação benfeitora. Mas a questão agora já não é a de repetir orações e dar esmola aos pobres, como era há quinhentos anos atrás. As pessoas tornaram-se maiores de idade, e tomaram nas mãos o seu pensa mento e a direção dos seus assuntos sociais, individuais e até mesmo espirituais, porque descobriram que o clero não sabe mais do que elas mesmas sobre as “coisas do Céu”.
Mas a Igreja da Inglaterra, diz-se, tornou-se tão liberal que todos devem apoiá-la. Realmente, pode-se fazer uma excelente imitação da missa, ou ser um virtual Unitário, e ainda fazer parte do seu rebanho. Esta bela tolerância, no entanto, significa apenas que a Igreja achou necessário tornar-se um vasto campo comum, em que cada um pode armar a sua própria tenda e agir como lhe aprouver, desde que participe na manutenção dos benefícios. A tolerância e a liberalidade são contrárias às leis da existência de qualquer igreja que crê na condenação divina, e a sua aparição na Igreja da Inglaterra não é um sinal de vida renovada, mas antes da chegada da desagregação. Não menos ilusória é a energia manifestada pela Igreja na construção de igrejas. Se isto fosse um critério de medição do espírito religioso, que piedosa época seria a nossa! Nunca o dogma esteve tão bem aloj ado, embora os seres humanos sejam obrigados a dormir aos milhares nas ruas, e morram literalmente de fome à sombra das suas majestosas catedrais, construídas em nome d´Aquele que não tinha onde repousar a Sua cabeça. Terá Jesus dito a você, Sua Graça, que a religião não se encontra no coração dos homens, e sim nos templos feitos pelas mãos? Vocês não podem converter sua piedade em pedra e utilizá-la nas suas vidas; e a história mostra que a petrificação do sentimento religioso é uma doença tão mortal como a ossificação do coração. No entanto, ainda que as igrejas fossem multiplicadas por cem, e que cada pastor se tornasse um centro de filantropia, isso iria apenas produzir o trabalho que os pobres esperam dos seus semelhantes, mas não dos seus líderes espirituais - em lugar daquilo que eles pedem e não conseguem obter. Isso só colocaria em maior destaque a esterilidade espiritual da Igreja e das suas doutrinas.
Aproxima-se o tempo em que o clero terá de prestar contas das suas ações. Você está pronto, Senhor Primaz, a explicar ao SEU MESTRE por que tem dado pedras aos Seus Filhos, quando eles lhe suplicavam por pão? Você sorri na sua imaginária segurança. Os servidores fizeram festas durante tanto tempo nos aposentos interiores da casa do Senhor, que pensavam que Ele certamente nunca voltaria. Mas Ele disse que Ele viria como um ladrão durante a noite; e eis! Ele está chegando já no coração dos homens. Ele está vindo para tomar posse do reino de Seu Pai no único lugar em Seu reino existe. Mas vocês não O conhecem! Se as próprias Igrejas não estivessem sendo carregadas pela onda de negação e de materialismo que dominou a sociedade, elas reconheceriam o germe do espírito do Cristo crescendo com rapidez no coração de milhares de seres, a quem agora classificam como infiéis e loucos. Reconheceriam neles aquele mesmo espírito de amor, sacrifício de si mesmo e piedade imensa pela ignorância, pela loucura e pelos sofrimentos do mundo, que surgiu em toda a sua pureza no coração de Jesus, assim como surgiu no coração de outros Santos Reformadores em diferentes épocas. Este espírito é a luz de toda verdadeira religião, e o archote com o qual os teosofistas de todos os tempos trataram de iluminar os seus passos, ao longo do caminho estreito que conduz à salvação – o caminho que é percorrido por toda encarnação de CHRISTOS ou o ESPÍRITO DA VERDADE.
E agora, Senhor Primaz, expusemos muito respeitosamente a você os pontos principais de divergência e desacordo que existem entre a teosofia e as igrejas cristãs, e mostramos a unidade entre a teosofia e os ensinamentos de Jesus.
Você viu a nossa profissão de fé, e conheceu quais são os nossos protestos e as nossas queixas contra o cristianismo dogmático. Nós, um punhado de indivíduos humildes, que não possuímos riquezas materiais nem influência sobre o mundo, mas somos fortes no nosso conhecimento, estamos unidos na esperança de cumprir a tarefa que você diz que lhe foi confiada pelo seu MESTRE, mas que é tão tristemente negligenciada por esse colosso opulento e dominador – a Igreja Cristã.
Nós nos perguntamos se você chamará isso de presunção. Será que, nesta terra de liberdade de pensamento, de palavra e de ação, você não nos responderá exceto pelo anátema habitual que a Igreja reserva para todo reformador? Ou podemos esperar que as amargas lições da experiência, obtidas no passado pelas Igrejas devido a esta política, terão mudado o coração e iluminado o espírito dos seus dirigentes; e que o próximo ano, de 1888, verá os cristãos estender-nos a mão com toda a simpatia e boa-vontade? Isso seria apenas o reconhecimento de que o grupo relativamente pequeno chamado de Sociedade Teosófica não é pioneiro do Anti-Cristo, nem fruto do Maldoso, mas, o ajudante prático, talvez o salvador da Cristandade, e que só está se esforçando por fazer a obra que Jesus - assim como Buddha e os outros “filhos de Deus” que o precederam - recomendou a todos os seus seguido res que realizassem, mas que as Igrejas, tendo-se tornado dogmáticas, são inteiramente incapazes de fazer.
E agora, se Sua Graça puder provar que somos injustos em relação à Igreja da qual você é o Chefe, ou em relação à teologia popular, prometemos reconhecer publicamente nosso erro. Contudo - “QUEM CALA CONSENTE”.
NOTAS:
[1] Marcos, 4:11; Mateus, 13:11; Lucas, 8:10.
[2] “Religion: A Retrospect and Prospect,” in the Nineteenth Century, Vol. XV, número 83, Janeiro 1884.
(para os evangélicos) Decálogo do voto ético
I. O voto é intransferível e inegociável. Com ele o cristão expressa sua consciência como cidadão.
Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu País, Estado e Município;
I I. O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a
realidade social, mesmo que um líder da igreja tente conduzir o voto da comunidade noutra
direção;
I I I. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com
discernimento. No entanto, a bem de sua credibilidade, o pastor evitará transformar o processo
de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;
IV. Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráticos. Portanto, melhor do que indicar em
quem a comunidade deve votar é organizar debates multipartidários, nos quais, simultânea ou
alternadamente, representantes das correntes partidárias possam ser ouvidos sem preconceitos;
V. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil
impõe que não sejam conduzidos processos de apoio a candidatos ou partidos dentro da igreja,
sob pena de constranger os eleitores (o que é criminoso) e de dividir a comunidade;
VI. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se
confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos
cristãos são pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de justiça e da verdade. E mais: é
fundamental que o candidato evangélico queira se eleger para propósitos maiores do que apenas
defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica. É
óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão político-institucional.
Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender
interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político de fé evangélica tem que ser,
sobretudo, um evangélico na política e não apenas um "despachante" de igrejas. Ao defender os
direitos universais do homem, a democracia, o estado leigo, entre outras conquistas, o cristão
estará defendendo a Igreja.
VII. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa
de que um evangélico político votou de determinada maneira porque obteve a promessa de que,
em assim fazendo, conseguiria alguns benefícios para a igreja, sejam rádios, concessões de TV,
terrenos para templos, linhas de crédito bancário, propriedades, tratamento especial perante a
lei ou outros "trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos bastidores da
política haja acordos e composições de interesse, não se pode, entretanto, admitir que tais
"acertos" impliquem na prostituição da consciência cristã, mesmo que a "recompensa" seja,
aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Jesus Cristo não aceitou
ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios, Ele preferiu o caminho da cruz.
VIII. Os votos para Presidente da República e para cargos majoritários devem, sobretudo, basearse
em programas de governo, e no conjunto das forças partidárias por detrás de tais
candidaturas que, no Brasil, são, em extremo, determinantes; não em função de "boatos" do
tipo: "O candidato tal é ateu"; ou: "O fulano vai fechar as igrejas"; ou: "O sicrano não vai dar
nada para os evangélicos"; ou ainda: "O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos".
É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a
liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso, é válido observar que aqueles que espalham
tais boatos, quase sempre, têm a intenção de induzir os votos dos eleitores assustados e
impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam comprometidos.
IX. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato
evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é compreensível que dê um "voto de
confiança" a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. Entretanto, é
de bom alvitre considerar que ninguém atua sozinho, por melhor que seja o irmão, em questão,
ele dificilmente transcenderá a agremiação política de que é membro, ou as forças políticas que
o apoiem.
X. Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu
pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra
de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve
ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina.
- Aliança Evangélica Brasileira -
Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu País, Estado e Município;
I I. O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a
realidade social, mesmo que um líder da igreja tente conduzir o voto da comunidade noutra
direção;
I I I. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com
discernimento. No entanto, a bem de sua credibilidade, o pastor evitará transformar o processo
de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;
IV. Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráticos. Portanto, melhor do que indicar em
quem a comunidade deve votar é organizar debates multipartidários, nos quais, simultânea ou
alternadamente, representantes das correntes partidárias possam ser ouvidos sem preconceitos;
V. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil
impõe que não sejam conduzidos processos de apoio a candidatos ou partidos dentro da igreja,
sob pena de constranger os eleitores (o que é criminoso) e de dividir a comunidade;
VI. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se
confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos
cristãos são pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de justiça e da verdade. E mais: é
fundamental que o candidato evangélico queira se eleger para propósitos maiores do que apenas
defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica. É
óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão político-institucional.
Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender
interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político de fé evangélica tem que ser,
sobretudo, um evangélico na política e não apenas um "despachante" de igrejas. Ao defender os
direitos universais do homem, a democracia, o estado leigo, entre outras conquistas, o cristão
estará defendendo a Igreja.
VII. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa
de que um evangélico político votou de determinada maneira porque obteve a promessa de que,
em assim fazendo, conseguiria alguns benefícios para a igreja, sejam rádios, concessões de TV,
terrenos para templos, linhas de crédito bancário, propriedades, tratamento especial perante a
lei ou outros "trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos bastidores da
política haja acordos e composições de interesse, não se pode, entretanto, admitir que tais
"acertos" impliquem na prostituição da consciência cristã, mesmo que a "recompensa" seja,
aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Jesus Cristo não aceitou
ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios, Ele preferiu o caminho da cruz.
VIII. Os votos para Presidente da República e para cargos majoritários devem, sobretudo, basearse
em programas de governo, e no conjunto das forças partidárias por detrás de tais
candidaturas que, no Brasil, são, em extremo, determinantes; não em função de "boatos" do
tipo: "O candidato tal é ateu"; ou: "O fulano vai fechar as igrejas"; ou: "O sicrano não vai dar
nada para os evangélicos"; ou ainda: "O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos".
É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a
liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso, é válido observar que aqueles que espalham
tais boatos, quase sempre, têm a intenção de induzir os votos dos eleitores assustados e
impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam comprometidos.
IX. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato
evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é compreensível que dê um "voto de
confiança" a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. Entretanto, é
de bom alvitre considerar que ninguém atua sozinho, por melhor que seja o irmão, em questão,
ele dificilmente transcenderá a agremiação política de que é membro, ou as forças políticas que
o apoiem.
X. Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu
pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra
de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve
ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina.
- Aliança Evangélica Brasileira -
sábado, 4 de setembro de 2010
Efeito colateral
Minha professora me deu aula hoje em um dia em que eu estava de péssimo humor.
Não sei o que ela fez... sei que me saí muito bem no niver da minha amiga, encontrei muita gente querida e recebi uma boa surpresa da minha amiga da Rua da Consolação, muito carinho junto.
Valeu fessora.
Não sei o que ela fez... sei que me saí muito bem no niver da minha amiga, encontrei muita gente querida e recebi uma boa surpresa da minha amiga da Rua da Consolação, muito carinho junto.
Valeu fessora.
Aprenda a escrever na areia
Leonor Gomes Machado Cordeiro
Temas: Atitude, Todas, Vida Interior
Era uma vez dois amigos que viajavam pelas montanhas da Pérsia. Certa manhã chegaram às margens de um grande rio. Ao tentar atravessá-lo, o jovem Mussa caiu em suas águas e como não sabia nadar começou a se afogar. Ao ver o amigo naquela situação, Nagib atirou-se nas correntezas e conseguiu salvá-lo. Logo que se recuperou do susto, Mussa chamou os seus ajudantes e ordenou que escrevessem na maior pedra do lugar esta legenda: “Viajante, neste lugar, durante uma viagem, Nagib salvou heroicamente o seu amigo Mussa.”
A viagem continuou e meses depois quando regressavam e atravessavam o mesmo rio, resolveram passar ali a noite. Sentados na areia, puseram-se a conversar. De repente surgiu uma desavença e uma discussão começou. Nagib, exaltado, num ímpeto de cólera, esbofeteou o amigo. Mussa tomou o bastão e escreveu na areia ao pé da grande pedra: “Viajante, neste lugar durante uma viagem, Nagib por motivo fútil injuriou gravemente o seu amigo Mussa.”
Surpreso e irritado, um dos seus ajudantes comentou: “Senhor, na primeira vez para exaltar a abnegação de Nagib, o senhor mandou gravar para sempre na pedra o feito heróico. E agora que ele acaba de ofender-vos, vos limitais a escrever na areia incerta o ato de covardia? A primeira legenda ficará para sempre, mas esta, antes do despertar do dia, já terá desaparecido com o vento…” Mussa respondeu: “É que o benefício que recebi permanecerá para sempre em mim, mas a injúria, escrevo-a na areia para que, quando depressa apagar-se, depressa também desaparecerá da minha lembrança.”
Boa história, mostra como a raiva pode danificar as relações. Responda rapidamente a estas perguntas: Você é pavio curto? Tem cabeça quente? Perde constantemente a paciência? Leva tempo demais para recuperar-se de uma ofensa? Fica sempre furioso quando é criticado? Quando fica frustrado tem vontade de bater em alguém? Se a maioria das respostas foram afirmativas, é sinal de que o “bichinho” da raiva fica picando você constantemente.
A sociedade moderna defende a expressão da raiva como algo positivo e saudável: Não se deve levar desaforo para casa, faz mal para a saúde. Será? Churchill dizia justamente o contrário: “Ninguém jamais teve dor de estômago por engolir palavras cruéis que deixou de dizer.” Cuidado com a catarse, com a moda de por tudo para fora. Nesse “vômito” enfurecido destruímos meio mundo e depois temos que recolher os cacos. Ficamos com o saldo da raiva – relacionamentos desgastados pelas besteiras que fizemos: “O que facilmente se ira faz doidices” Provérbios 14:17.
Faça um mapeamento dos seus pontos fracos. Todos nós temos situações que nos deixam à beira de um ataque de nervos. Tente descobrir porque nestas horas você fica tão irritado, fique preparado para enfrentar estes momentos. Assim terá mais chance de ficar menos raivoso quando o fato vier a acontecer.
Lembre-se do que diz a Bíblia: “Se você ficar com raiva, não deixe que isso o faça pecar e não fique com raiva o dia todo.” Efésios 4:26. Não deixe a raiva ocupar grandes espaços no seu coração; quando ela bater em sua porta, aprenda a escrever na areia, afinal: “Se você for paciente no momento de raiva, escapará de cem dias de pensar” (Provérbio chinês)
Temas: Atitude, Todas, Vida Interior
Era uma vez dois amigos que viajavam pelas montanhas da Pérsia. Certa manhã chegaram às margens de um grande rio. Ao tentar atravessá-lo, o jovem Mussa caiu em suas águas e como não sabia nadar começou a se afogar. Ao ver o amigo naquela situação, Nagib atirou-se nas correntezas e conseguiu salvá-lo. Logo que se recuperou do susto, Mussa chamou os seus ajudantes e ordenou que escrevessem na maior pedra do lugar esta legenda: “Viajante, neste lugar, durante uma viagem, Nagib salvou heroicamente o seu amigo Mussa.”
A viagem continuou e meses depois quando regressavam e atravessavam o mesmo rio, resolveram passar ali a noite. Sentados na areia, puseram-se a conversar. De repente surgiu uma desavença e uma discussão começou. Nagib, exaltado, num ímpeto de cólera, esbofeteou o amigo. Mussa tomou o bastão e escreveu na areia ao pé da grande pedra: “Viajante, neste lugar durante uma viagem, Nagib por motivo fútil injuriou gravemente o seu amigo Mussa.”
Surpreso e irritado, um dos seus ajudantes comentou: “Senhor, na primeira vez para exaltar a abnegação de Nagib, o senhor mandou gravar para sempre na pedra o feito heróico. E agora que ele acaba de ofender-vos, vos limitais a escrever na areia incerta o ato de covardia? A primeira legenda ficará para sempre, mas esta, antes do despertar do dia, já terá desaparecido com o vento…” Mussa respondeu: “É que o benefício que recebi permanecerá para sempre em mim, mas a injúria, escrevo-a na areia para que, quando depressa apagar-se, depressa também desaparecerá da minha lembrança.”
Boa história, mostra como a raiva pode danificar as relações. Responda rapidamente a estas perguntas: Você é pavio curto? Tem cabeça quente? Perde constantemente a paciência? Leva tempo demais para recuperar-se de uma ofensa? Fica sempre furioso quando é criticado? Quando fica frustrado tem vontade de bater em alguém? Se a maioria das respostas foram afirmativas, é sinal de que o “bichinho” da raiva fica picando você constantemente.
A sociedade moderna defende a expressão da raiva como algo positivo e saudável: Não se deve levar desaforo para casa, faz mal para a saúde. Será? Churchill dizia justamente o contrário: “Ninguém jamais teve dor de estômago por engolir palavras cruéis que deixou de dizer.” Cuidado com a catarse, com a moda de por tudo para fora. Nesse “vômito” enfurecido destruímos meio mundo e depois temos que recolher os cacos. Ficamos com o saldo da raiva – relacionamentos desgastados pelas besteiras que fizemos: “O que facilmente se ira faz doidices” Provérbios 14:17.
Faça um mapeamento dos seus pontos fracos. Todos nós temos situações que nos deixam à beira de um ataque de nervos. Tente descobrir porque nestas horas você fica tão irritado, fique preparado para enfrentar estes momentos. Assim terá mais chance de ficar menos raivoso quando o fato vier a acontecer.
Lembre-se do que diz a Bíblia: “Se você ficar com raiva, não deixe que isso o faça pecar e não fique com raiva o dia todo.” Efésios 4:26. Não deixe a raiva ocupar grandes espaços no seu coração; quando ela bater em sua porta, aprenda a escrever na areia, afinal: “Se você for paciente no momento de raiva, escapará de cem dias de pensar” (Provérbio chinês)
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Escrito por Regina Brett, 90 anos de idade, em The Plain Dealer, Cleveland , Ohio
"Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi."
Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto aqui vai a coluna mais uma vez:
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente, o próximo passo, pequeno ..
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.
16. Respire fundo. Isso acalma a mente.
17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use lingerie chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrica agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você..
26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todo mundo.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo..
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
33. Acredite em milagres.
34.. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.
37. Suas crianças têm apenas uma infância.
38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.
41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
42. O melhor ainda está por vir.
43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
44. Produza!
45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.
Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto aqui vai a coluna mais uma vez:
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente, o próximo passo, pequeno ..
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.
16. Respire fundo. Isso acalma a mente.
17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use lingerie chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrica agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você..
26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todo mundo.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo..
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
33. Acredite em milagres.
34.. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.
37. Suas crianças têm apenas uma infância.
38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.
41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
42. O melhor ainda está por vir.
43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
44. Produza!
45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.
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